Garota foi jogada viva em riacho após ser apedrejada

FOZ DO IGUAÇU – Em depoimento em Foz do Iguaçu (PR), as duas jovens de 15 e 18 anos que, segundo a polícia, admitiram ter matado a pedradas Taís Cristina Martins, 13, disseram que jogaram a vítima em um riacho, ainda viva, após a agressão.
Segundo o delegado Marcos Araguari, na tarde da última terça-feira, as duas amigas perguntaram a Taís se ela teria ficado com o namorado de uma delas. "Ela respondeu que sim, e a partir daí se reforçou o desígnio de matá-la", afirma o policial.
Segundo ele, outros dois adolescentes estavam no local quando começaram as agressões. "Um deles até começou a agredir, mas depois eles desistiram e foram embora", diz o delegado.
Os dois foram arrolados no inquérito como testemunhas. "Um deles chegou a pedir que não fizessem nada, que não a matassem", relata.
Segundo Araguari, a mais velha segurou Taís enquanto a outra desferiu os golpes de pedra. "Depois as duas jogaram o corpo no rio. Tanto a mais velha quanto a menor contam que afogaram ela", afirma.
O laudo preliminar do IML (Instituto de Médica Legal) aponta a causa da morte como traumatismo craniano.
Segundo a polícia, as duas suspeitas ainda não constituíram advogado de defesa. A menor de idade foi apreendida e a maior está presa em Foz do Iguaçu (a 637 km de Curitiba, no oeste do Paraná).
EVANGÉLICA – Uma garota disciplinada e religiosa. É assim que o diretor da escola e o pai de Taís a descrevem.
O pedreiro João Luiz Martins, 40, conta que levou a filha até o portão do Colégio Estadual Ayrton Senna, na terça-feira, dia do crime, mas a filha não chegou a entrar.
As suspeitas a convidaram para colher laranjas num terreno de Furnas, segundo a polícia. Em seguida, seguraram Taís e a apedrejaram na cabeça.
Religiosa, ela participava do grupo de jovens da Igreja Esperança de Salvação e se preparava para cantar uma canção gospel em um evento hoje. Um dos trechos da música preferida de Taís diz: "Até diante da morte prefiro ser fiel".
Amigos da garota irão exibir imagens dela em um telão durante o evento na pequena igreja em construção na Vila Miranda. O bairro fica na região de Três Lagoas, que abriga antigos moradores de favelas.
EM CASA – O pai de Taís conta que fazia questão de perguntar sempre se a menina estava com algum problema. "Ela respondia que estava tudo bem e brincava comigo perguntando se eu estava com azia", lembra.
Depois da morte da menina, Martins abriu o caderno escolar da filha e encontrou várias mensagens em que ela expressava carinho por ele. "Olho o quarto dela e vejo tudo vazio, é tristeza demais", diz.
O pedreiro diz que não acredita que a agressora menor de idade fique presa e espera que a outra suspeita, de 18 anos, pague pelo crime e se converta à religião. "A Bíblia diz que só existem dois caminhos: o céu e o inferno", conclui.
AMEAÇA – A polícia tenta agora identificar quem é uma jovem, amiga da garota de 18 anos, que ameaçou um dos rapazes que prestou depoimento como testemunha. Segundo o delegado, a ameaça foi feita dentro da delegacia e gravada por uma equipe de TV local.
Araguari diz que no decorrer do processo a jovem poderá ser indiciada por coação de testemunha.