Gerir abundância que tecnologia produz será desafio, diz pesquisador

SÃO PAULO – Em 1965, o cientista Gordon Moore escreveu um artigo com uma estimativa de que o número de transístores em um circuito integrado (pequeno componente usado em equipamentos eletrônicos) dobraria a cada dois anos.
A projeção, que ganhou o nome de Lei de Moore, foi generalizada em vários campos da tecnologia para indicar a rapidez de evolução dos equipamentos, como no caso da capacidade de processamento de computadores.
Continuando o ritmo desta lei, a tecnologia produzirá em pouco tempo uma abundância de máquinas e soluções técnicas. O grande desafio da humanidade será compreender, canalizar e gerir esse conjunto de inovações e os resultados dela.
A aposta foi apresentada pelo pesquisador Pascal Finette na conferência de abertura do fórum Encadear, que reúne em São Paulo, nesta semana, empresários, consultores e profissionais da inovação para discutir os desafios da transformação tecnológica para micro e pequenas empresas no país. O encontro é uma realização do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
O pesquisador Pascal Finette é responsável pela área de inovação aberta da Universidade Singularidade (Singularity University), um centro de estudos e formação dedicado a novas tecnologias, localizado no chamado Vale do Silício (grupo de empresas de tecnologia de ponta instaladas ao redor da cidade de San Francisco, na costa oeste dos Estados Unidos).
Segundo o pesquisador, a tecnologia atual está em um estágio de desenvolvimento no qual as mudanças são exponenciais, ou seja, rápidas e profundas. Logo elas resolverão os problemas de escassez em diversas áreas. Retomando a Lei de Moore, Finette projetou que um computador médio deve chegar ao estágio da capacidade de processamento de um cérebro humano em 2029.
Na indústria farmacêutica, o que antes era o estudo e o teste de drogas e agentes biológicos, hoje reúne diversas outras especialidades e campos, como química, inteligência artificial, coleta e processamento de dados em larga escala (o chamado Big Data), robótica e automação. O desenvolvimento e teste de novas drogas passa pelo registro de milhões de dados, seu processamento e avaliação por sistemas inteligentes e pelo uso de robôs não somente na pesquisa mas também na linha de produção. (*Repórter viajou a convite do Sebrae)