Gleisi e Ênio defendem punição para corruptos e pedem reforma política

A senadora Gleisi Hoffmann e o deputado federal Ênio Verri estiveram sexta-feira em Paranavaí para o Encontro Regional do Partido dos Trabalhadores (PT).
Antes do evento, que reuniu pessoas de 18 municípios e foi conduzido a partir de análises sobre a economia e a política do Brasil, ambos concederam entrevista ao Diário do Noroeste.
A conversa começou com uma avaliação sobre a importância dos eventos que estão sendo realizados em diferentes regiões do Paraná, assim como em outros Estados. De acordo com Verri, esses encontros regionais têm como principal objetivo fortalecer a militância petista. São, também, preparativos para o Congresso Nacional do PT, em junho.
E como fortalecer o partido? O deputado federal disse que é preciso entender uma série de fatores que estão em pauta no dia a dia dos brasileiros, muitas vezes ditados pela grande mídia. O primeiro ponto destacado por ele foi o papel seletivo que o Poder Judiciário tem assumido em relação às denúncias de corrupção.
“Não existem fatos concretos contra Vaccari (João Vaccari Neto, tesoureiro do PT preso durante a Operação Lava-Jato). O que se tem são denúncias. Pessoas de outros partidos também foram citadas nas investigações, mas não foram presas”.
Segundo Verri, todas as doações recebidas pelo partido durante as campanhas eleitorais são devidamente contabilizadas. E se existem problemas em relação ao PT, seria necessário investigar outros partidos que receberam doações das mesmas empresas (muitas citadas no processo que apura a corrupção na Petrobras), tais como o PSDB e o PMDB.
Em caso de comprovações sobre a participação de petistas em atos ilícitos, o deputado federal defendeu a punição. Para ele, o fato de haver outras siglas partidárias envolvidas em escândalos de desvio de dinheiro público não isenta as pessoas que erraram dentro do PT. “É um grupo pequeno, mas que todos sejam condenados”.
CRISE – A senadora Gleisi Hoffmann disse que o Brasil não enfrenta uma crise econômica, mas dificuldades.
Ela justificou a avaliação dizendo, por exemplo, que não existem dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, ao mesmo tempo, há reservas internacionais. Na verdade, afirmou, a crise é política.
Primeiro, ela falou sobre as tentativas de golpes para derrubar o Partido dos Trabalhadores, inclusive com pedido de cassação do registro do partido. Apontou também as divergências com setores do PMDB, que compõem a base governista, e a insatisfação da oposição por ter perdido as eleições.
MANIFESTAÇÕES – Nesse sentido, disse Gleisi, é preciso “conter os discursos pró-golpe que o PSDB tem usado”. Para ela, as manifestações que têm ocorrido nos últimos meses não podem ser de ódio, mas em favor da democracia. “Todos têm direito de se manifestar”.
A preocupação da senadora é com os pedidos para a volta da ditadura militar. “Isso é contra a Constituição [Federal]”.
Sobre as passeatas organizadas pelos trabalhadores e por movimentos sociais, reconheceu que nem sempre são totalmente favoráveis à presidente Dilma Rousseff, mas ressaltou que esses grupos têm consciência do que o Governo Federal tem feito para melhorar a situação do Brasil e dos brasileiros.
REFORMA POLÍTICA – Gleisi e Verri concordaram quando o assunto foi Reforma Política. Para ambos é preciso fazer uma ampla modificação no sistema de financiamento das campanhas eleitorais, excluindo as empresas do processo. “No máximo pessoas físicas, mas com limites”, disse a senadora. O problema, destacou, é a resistência de alguns setores do Congresso Nacional.
Ambos defenderam a decisão do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de que o partido não receba mais doações de empresas privadas para campanhas eleitorais. Sendo assim, destacou Verri, é preciso encontrar outras formas de custear legalmente essas campanhas.
Na avaliação do deputado federal, também é necessário acabar com as coligações nas eleições proporcionais e fortalecer as siglas partidárias, como ocorre em outros países. Assim, disse Verri, as propostas do PT para a Reforma Política se aproximam bastante do que defendem a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
ENCONTRO – Concluída a entrevista concedida ao Diário do Noroeste, senadora e deputado federal seguiram para o auditório onde o Encontro Regional do Partido dos Trabalhadores foi realizado. Lá, conversaram com filiados ao partido e motivaram-nos, dizendo que é preciso voltar para as ruas e defender o PT e a presidente Dilma Rousseff. Prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e lideranças partidárias participaram do evento.
Para o presidente do PT em Paranavaí, Cesar Alexandre, os governos petistas promoveram importantes avanços econômicos e sociais no Brasil, por isso, “precisamos nos fortalecer para o embate”. Na avaliação dele, existe, sim, um movimento golpista: “A elite não quer perder o poder”.