Governar no tempo das redes sociais
Dirceu Cardoso Gonçalves*
Findas as eleições e já formada boa parte dos novos governos – na União e nos estados – a grande questão é de como por em prática as propostas que seus titulares fizeram ao eleitorado, com as quais ganharam os votos.
Bolsonaro promete austeridade administrativa e mais ação nas áreas da Justiça, Segurança e Economia. Governadores, especialmente João Dória (São Paulo) e Wilson Witzel (Rio de Janeiro), preocupam-se com a segurança pública, além de boa gestão.
De uma coisa todos devem estar certos: não foi a questão ideológica, mas a expectativa de mudanças que os levou à vitória eleitoral. Agora é a hora de atender ao desejo do eleitor e, como dizia Ulysses Guimarães, ouvir e interpretar “a voz rouca das ruas”.
Com o acesso às redes sociais, o povo que votou nas mudanças está apto e motivado a fiscalizar a ação dos eleitos e, preparado para ir às ruas protestar, se o prometido não for cumprido.
A corrupção, em todas suas formas, tem de ser combatida sem trégua e os corruptos entregues à Justiça para purgar seus erros. A máquina púbica deve aperfeiçoar seus mecanismos de controle para se tornar imune aos achaques.
BNDES, Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e todas as estatais, precisam ter respeitadas e cumpridas suas finalidades estatutárias e expurgadas as práticas não republicanas. Na medida do possível, ser privatizadas e o Estado ocupar-se exclusivamente do licenciamento, regulação e fiscalização das atividades.
Ao aparelho de Estado cabe atuar em favor do próprio Estado e do cidadão, jamais na direção de interesses ideológicos ou de grupos de pressão. A Segurança Pública, que tanto preocupa, tem de ser cuidada como política de Estado e englobar todo o trâmite, que começa pelo combate ao crime em suas diferentes fases e formas, concluindo-se na boa aplicação e execução das penas sem fraquezas nem capitulação.
O Estado Brasileiro é impessoal, por definição. Não pode ter amigos ou preferidos. Sua ação é voltada indistintamente ao cidadão, encarado como coletividade. Os recursos públicos não podem, jamais, ser usados no favorecimento de pessoas, classes e grupos políticos, profissionais ou sociais.
Os serviços – Educação, Saúde, Trabalho, Moradia e Segurança – têm de funcionar. A política de governo deve mirar a atração de investimentos que desenvolvam a economia e o mercado, beneficiando igualmente a todos.
Os tributos arrecadados precisam ser aplicados exclusivamente nas atividades de governo, sendo estas desoneradas do empreguismo oligárquico, político e ideológico que hoje promove o desequilíbrio entre receita e despesa.
Os novos presidente da República e governadores estaduais têm uma grande tarefa pela frente. Começa pelo rompimento com os vícios que mergulharam o país na maior crise da história, mais duradoura que a de 1929, ano em que o mundo inteiro quebrou a partir da Bolsa de Nova York.
Recomenda-se aos Poderes Executivo, Legislativo (e até Judiciário) toda atenção e cautela no exercício de suas tarefas. Da mesma forma que as redes sociais foram usadas na eleição, também serão instrumentos na fiscalização e minuciosa cobrança de procedimentos dos eleitos e empoderados. É o Brasil novo, rompido com o nefasto loteamento do poder e o escandaloso assalto aos bens públicos…
*Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)