Governistas e oposição criticam possibilidade de aumento do IR

BRASÍLIA – A manifestação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que o governo estuda elevar o Imposto de Renda com o objetivo de aumentar a arrecadação, foi criticada ontem pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por toda a oposição e até por líderes de bancadas governistas.
Cunha disse ser radicalmente contra a proposta, reafirmando posição refratária a aumento de tributação. "A solução se dá pela via do corte de despesas, sou radicalmente contra aumento de imposto de qualquer natureza", disse o peemedebista.
Ele afirmou também, porém, que, se o governo enviar a medida, ela será colocada em votação.
Líder da bancada do PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades), o deputado Rogério Rosso (DF) disse que, se o governo enviar proposta nessa linha, deverá ser derrotado. "O brasileiro já trabalha quatro meses para pagar imposto, querem agora que trabalhe meio ano? Aí fica difícil defender o governo".
A oposição saiu em coro contra a possibilidade de aumento do IR, que hoje abate 27,5% das fatias de renda mais altas – PSDB, DEM, PPS e Solidariedade disseram que a medida não passa no Congresso.
"O aumento de imposto que depende de aprovação no Congresso vai ter forte resistência e acredito que não vai passar. Já paga-se 27,5%, vai pagar quanto, 30%. A classe média vai parar de trabalhar para sua família para trabalhar para o governo Dilma?", disse o líder da oposição, Bruno Araújo (PSDB-PE).
Segundo ele, a solução passa por um forte corte de gasto, inclusive em programas sociais. "Eles têm que assumir o ônus de cortar programas que eles criaram sem fonte de renda ou com intuito eleitoral. São 700 programas sociais. Por que não se estabelece prioridade nesse momento de crise?", questionou o tucano.