Governo autoriza reajuste de até 6,3% para remédios

SÃO PAULO (Folhapress) – O governo autorizou ontem o reajuste de até 6,31% no preço dos medicamentos que, na prática, pelo menos 12 farmácias da cidade de São Paulo já tinham repassado a seus clientes desde segunda. Em 2012, a alta máxima autorizada foi de 5,85%.
Embora a autorização para o reajuste tenha sido publicada anteontem no "Diário Oficial" da União, a própria indústria farmacêutica reconhece que os novos preços já estavam em vigor. A alta no preço depende da categoria dos remédios. Para os medicamentos de nível 1 – em que a participação de genéricos no mercado é igual ou superior a 20% -, o reajuste máximo será de 6,31%. A lista é composta por remédios mais simples, de maior concorrência, como amoxilina, omeprazol e paracetamol, entre outros.
Para os de nível 2 – com participação de genéricos entre 15% e 20% -, o reajuste máximo será de 4,51%. Fazem parte dessa categoria remédios como docaína (anestésico local), risperidona (antipsicótico) e a tríplice vacina.
Para os de nível 3 – com participação de genéricos abaixo de 15% do mercado por se tratar de medicamentos mais especializados, de alta tecnologia-, o reajuste máximo será de 2,70%. É o caso de antirretrovirais, anticoncepcionais e ritalina. Cálculo do Sindusfarma (sindicato das indústrias farmacêuticas de São Paulo) mostra que, se os remédios forem reajustados pelo preço máximo, a alta média para o consumidor será 4,59%.
Necessidade
Para Beatriz Vasconcelos, aposentada de 68 anos que gasta cerca de R$ 200 por mês com medicamentos, o governo deveria evitar o aumento.
"Ninguém compra remédio por esporte. O governo deveria tirar imposto dos remédios, assim como faz com o carro", diz a ex-professora de história e geografia. "O remédio é muito mais necessário que o carro. Não há uma família que não tome remédio". Vasconcelos tem pressão alta e toma remédio para controlar o colesterol e cálcio contra a osteoporose.
R$ 70 Bilhões
Levantamento do Ibope Inteligência divulgado ontem mostra a importância do setor para a economia do país. Impulsionado pelas classes B e C, o comércio deve crescer 12% neste ano e atingir R$ 70 bilhões. A classe C é responsável por quase metade do consumo de remédios no país (45% do total), seguida das classes B (34%), D/E (12%) e A (9%). Segundo o estudo, o gasto anual médio dos brasileiros com remédios é de R$ 430,92.

Reajuste anual de preços por categoria dos remédios
 
Em %
Mais comuns

(amoxilina, paracetamol, dipirona, etc.)
6,31%
 
Complexidade média
(anestésico local, antipsicótico e tríplice vacina)
4,51%
 
Alta tecnologia
(para Aids, deficit de atenção, anticoncepcionais, etc.)
2,70%