Governo incentiva plantio de seringueira

CURITIBA – O governo do Paraná, através da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab) disponibilizará R$ 800 mil para subsidiar em 50% a aquisição de mudas aos produtores rurais interessados no plantio de seringueiras visando a extração da borracha natural.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara falou nesta semana sobre o programa estadual de incentivo ao plantio de seringueira em palestra durante a Expoingá, em Maringá.
O objetivo é tornar Estado um produtor expressivo de borracha natural, atraindo indústrias de beneficiamento e transformação que agreguem maior valor ao produto, além da melhoria das condições econômicas do produtor rural, especialmente das pequenas propriedades, numa região carente de opções como é o Arenito Caiuá.
Com 500 árvores em um hectare é possível faturar uma média de R$ 1,1 mil por mês durante 10 meses no ano, comentou Ortigara. Uma vez implantado, o seringal produz por mais de 30 anos.
Segundo o secretário, os recursos disponibilizados são suficientes para o plantio de 3,2 mil hectares de seringueira e que dependendo do interesse dos agricultores, mais recursos podem ser disponibilizados para este fim.
Todos os produtores interessados no plantio devem fazer um cadastro junto a Emater de sua cidade ou em uma unidade da Cocamar, que é parceira do Estado e vem incentivando o plantio de seringueira no Noroeste do Paraná.
Será dada prioridade para os pequenos produtores, que contam ainda com linhas de crédito para o plantio do seringal (Pronaf Eco e Programa ABC), que oferecem condições facilitadas, juros diferenciados e prazo longo.
Mesmo com os resultados que vem sendo obtidos na região com a heveicultura, como é chamada a cultura da seringueira, estimativas apontam que há atualmente no Paraná 2,8 mil hectares plantados.
O mercado potencial existente, entretanto, afirma Ortigara, demanda atualmente o plantio de 35 mil hectares, considerando as novas indústrias pneumáticas e outras que estão se instalando no Estado.
Só a indústria da Sumitomo Rubber do Brasil, em fase de testes na Fazenda Rio Grande, no Paraná, e que começa a rodar comercialmente a partir de outubro deste ano, demandará 15 mil toneladas de borracha seca por ano, o equivalente ao plantio de 17 mil hectares. Por enquanto, a matéria prima é importada da Tailândia.

Usado como Reserva Legal
Além de ser uma alternativa de diversificação das propriedades do Noroeste paranaense, o plantio e cultivo da seringueira, em plantios intercalados com árvores nativas da região, poderá ser usado como área de reserva legal, permitindo que o produtor atenda a legislação e tenha renda na área.
Apesar de ser uma alternativa de aumento de renda para médios e grandes produtores, a atividade é especialmente interessante para a agricultura familiar, porque a extração da borracha pode ser feita pela família do agricultor, mantendo as pessoas no campo de forma sustentável econômica, social e ecológica. Uma pessoa dá conta de um módulo de quatro hectares, trabalhando na sombra.
A seringueira encontra no Noroeste do Paraná, na região do Arenito Caiuá, condições ideais para seu desenvolvimento, segundo zoneamento climático regional elaborado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), melhores, inclusive, do que São Paulo, que é o maior produtor nacional de borracha.
A grande dificuldade é encontrar mudas disponíveis e o valor de comercialização destas, que representa 50% do custo total de implantação do seringal, cerca de R$ 7 mil por hectare até o sexto ano, quando normalmente inicia a sangria da seringueira.
A produção de muda leva 18 meses e demanda conhecimento técnico específico. Para estimular a produção por viveiristas paranaenses, serão oferecidos cursos através do Iapar. Por enquanto as mudas são adquiridas no estado de São Paulo. (Flamma Comunicação)