Governo russo compara atentados de Volgogrado ao 11 de Setembro

SÃO PAULO (Folhapress) – Em declaração oficial distribuída ontem, o Ministério das Relações Exteriores russo sutilmente comparou ao 11 de setembro os ataques a bomba ocorridos anteontem e ontem na cidade de Volgogrado. Juntos, os dois atentados mataram mais de 30 pessoas e paralisaram o sistema de transporte da cidade.
No comunicado, o ministério compara os atentados a ataques ocorridos nos Estados Unidos, Síria e outros países, e pede solidariedade internacional na luta contra os terroristas. "Não vamos recuar e continuaremos nossa luta consistente contra um inimigo insidioso que só pode ser derrotado com a união", diz a nota.
O texto não aponta responsáveis pelos ataques, mas diz que são consequência de ameaças de militantes como Doku Umarov, líder de uma insurgência islâmica no Norte do Cáucaso que convocou militantes a evitar que a Rússia hospede as Olimpíadas de Inverno em fevereiro.
Embora deva ser difícil para os terroristas passar pela forte segurança prevista para as instalações olímpicas, os bombardeios puseram a nu a facilidade de atingir alvos civis no restante da Rússia.
Vladimir Markin, porta-voz da principal agência de investigações da Rússia, disse que as bombas de domingo e de segunda eram semelhantes. "Isto confirma a versão dos investigadores de que os dois ataques estão ligados", disse. "Eles podem ter sido preparados em um só lugar".
Os dois últimos ataques em Volgogrado, segundo analistas, indicam que os militantes podem estar usando o sistema de transportes como uma nova maneira de mostrar seu alcance além de sua região. Há alguns meses, o governo russo passou a exigir a apresentação de documentos de identidade ao comprar passagens de ônibus intermunicipais, como já ocorre para bilhetes aéreos ou ferroviários, mas não há fiscalização.
Volgogrado, antiga Stalingrado, é uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes, a 690 km de Sochi, onde a partir do dia 7 de fevereiro ocorrem os Jogos Olímpicos de Inverno. A região está próxima ao Norte do Cáucaso, uma faixa de províncias de prevalência muçulmana que sofre violência quase diária por parte de uma antiga insurgência islamita.
A série de atentados alimentou os temores sobre a segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecerão em fevereiro em Sochi, estação balneária situada ao pé do Cáucaso.