HISTÓRIA BIOGRÁFICA

Ivo Ferreira Cardoso era jornalista e advogado. Natural de Pompéia (SP), onde nasceu em 25 de julho de 1940, era filho de Maria Augusta de Souza e Elisiário Ferreira Cardoso. Casado com Ermelinda Poldo Cardoso, tinha três filhas: Virgínia Márcia Poldo Cardoso, Iara Cristina Poldo Cardoso e Juliana Poldo Cardoso. A Família Cardoso veio para Paranavaí em 1954, procedente de Lucélia (SP).
Foi colunista do Diário do Noroeste durante pelo menos 35 anos e funcionário da Secretaria de Comunicação Social do governo do Estado.
Ivo Ferreira Cardoso foi correspondente da Folha de São Paulo, da Folha de Londrina e de O Estado do Paraná.
Iniciou seus trabalhos na Rádio Cultura e depois no Diário do Noroeste, onde mantinha a coluna “Ronda pela Cidade”.
O jornalista teve importância em várias situações da vida de Paranavaí. Foi líder estudantil desde quando aluno do Colégio Estadual de Paranavaí.
Ajudou a fundar a UPE (União Paranavaiense dos Estudantes), fazendo parte de sua diretoria.
Foi também um dos principais incentivadores do Femup – Festival de Música e Poesia de Paranavaí, atuando no início na realização desse importante evento cultural. Teve ainda atuação junto aos cursilhos da igreja e na área esportiva, como grande incentivador do futebol de salão.
Formou-se em Direito, passando a atuar na Comarca de Paranavaí. Ele ajudou a fundar a Advog. Na subseção da OAB/Paranavaí foi eleito conselheiro no triênio 1998/2000; foi vice-presidente da Comissão de Imprensa da Subseção da OAB/Paranavaí na gestão 2004/2006; foi presidente da mesma comissão na gestão 2007/2009.
Ivo Ferreira Cardoso era cidadão honorário de Paranavaí, recebendo o título em solenidade na Câmara de Vereadores em 09/12/1981.
Em 2008 o falecido Ivo Ferreira Cardoso foi homenageado pelo FEMUP. O apresentador leu o texto seguinte de autoria de Saul Bogoni:
“O querido e singular Ivo Cardoso fez parte do grupo que criou o Teatro Estudantil de Paranavaí, o TEP, e amante da cultura, participou também das primeiras reuniões em que se discutia a criação de um festival, de um evento, que servisse de mostra do potencial lítero-musical de Paranavaí.
Pouco antes de nos deixar, o Ivo lembrava sempre com muita satisfação que fez parte da turma que plantou as primeiras sementes de organização do movimento cultural paranavaiense.
O jornalista Ivo Cardoso não media esforços para colocar a cultura e suas manifestações na imprensa estadual. Afinal de contas, ele foi o correspondente dos principais jornais do Paraná em Paranavaí. Seu nome atravessou fronteiras e foi ainda correspondente da Folha de São Paulo.
Desta época, costumava lembrar que as reportagens para o jornal paulista eram pagas pelo que era publicado. Escrevia então matérias enormes e quando era publicada, lá estavam apenas algumas linhas.
Aos companheiros costumava insistir na tese de que Paranavaí precisava ter uma espécie de filial do sindicato dos jornalistas. Infelizmente, ele nos deixou sem que sua vontade de tantos anos fosse atendida. Para seus interlocutores deixava bem claro: o primeiro mandato seria dele. Nada mais justo.
Sua maneira cativante de se relacionar com os demais foi determinante para que conseguisse desenvolver seu trabalho.
As análises políticas que o Ivo costumava fazer nem sempre tinham a concordância dos demais. Mas isso não era problema. Ele defendia suas ideias com unhas e dentes, mas sabia admitir quando tinha, vamos dizer, se equivocado na avaliação do momento político.
Para os profissionais de imprensa que vieram de outros cantos, o Ivo Cardoso era o homem certo para contar um pouco da história de Paranavaí. Sabia contar por ter vivido esses momentos. Conhecia a classe política da cidade e sua história. Sabia de casos e causos da política local como poucos.
Da mesma forma como ajudava a difundir o movimento cultural de Paranavaí, Ivo ficava irado cada vez que um prefeito, ou um secretário, resolvia tomar uma decisão que fosse contra a vontade da classe artística.
Mas, sem sombra de dúvida, era o futebol, mais especificadamente o São Paulo Futebol Clube, a razão para as maiores discussões promovidas pelo Ivo. Se você queria arrumar uma encrenca, era só dizer que o São Paulo iria perder. Nem mesmo quando o tricolor do Morumbi estava caindo pelas tabelas você encontrava o Ivo Cardoso desanimado com o time. Eterno otimista, via sempre uma luzinha no final do túnel.
Quando falava do São Paulo, Ivo Cardoso dispensava a lógica, os números, as evidências. Dispensava tudo. Ele costumava andar com uma agenda com o símbolo do São Paulo. Nada demais, se a agenda não estivesse inválida há vários anos.
Quem recebeu o troféu “Barriguda” em sua homenagem foi Rosa Cardoso Sossélla, irmã de Ivo Cardoso, que representava toda sua família.
Outras passagens da vida jornalística e estudantil do Ivo Cardoso eram lembradas pelo colega Benedito Praxedes Júnior em artigo publicado no Diário do Noroeste, que dizia por ocasião de suas exéquias:
“Paranavaí perdeu uma de suas figuras mais queridas: o jornalista, amigo e companheiro de Diário, Ivo Cardoso. Quem conheceu um pouco dessa figura ímpar sabe que sempre tinha uma opinião sobre tudo e a defendia com unhas e dentes. Jornalista do tempo em que Paranavaí tinha até correspondente da Folha de S. Paulo, função que ele ocupou, Ivo Cardoso era conhecido em qualquer lugar do Paraná. Na região de Paranavaí isto era ainda mais evidente. Era só verem um carro do Diário e já perguntavam: E o Ivo, como é que está?”
Correspondente de jornais do porte de Folha de Londrina e Estado do Paraná em Paranavaí, Ivo Cardoso tinha sempre uma lembrança sobre episódios da sua vida e da sua carreira. Do tempo de militância estudantil e falava com orgulho do fato de ter quase sido preso durante o regime militar. Foi nessa época (eu acho) que ele participou da criação do TEP, grupo de teatro criado no Colégio Estadual pelo professor Huani França.
Mas engraçado mesmo era ele contando como foram seus primeiros meses como colunista do Diário do Noroeste, função que exerceu até quando a saúde permitiu.
Nos idos de lá sei quando o Ivo começou a fazer uma coluna sobre os bairros de Paranavaí, mas no início nem salário tinha. Fazia pelo amor que já demonstrava ao jornalismo.
Um dia, foi analisada a importância da coluna do Ivo Cardoso para o jornal e aparecia na vida dele Chicão Soares, também de saudosa memória. Chicão convenceu o chefe a lhe pagar um salário. Estava iniciada a mais longa carreira de jornalista de impresso da história paranavaiense até então.
Quando estava bravo, principalmente com os fotógrafos do Diário (chamava-os de moleques), Ivo costumava lembrar de sua origem alagoana, para dizer logo depois da valentia daquele povo.
Ivo Cardoso, um pequeno grande homem, praticante da verdadeira democracia, respeitava a opinião alheia, mesmo que com ela não concordasse. “E quanto à sua adoração pela sua Paranavaí, imagino que haja pessoas que a amem tanto quanto ele. Mais que ele, duvido”, dizia seu colega Parreiras Rodrigues.
Ivo Ferreira Cardoso faleceu aos 68 anos de idade em 25 de novembro de 2008 à noite, depois de 30 dias hospitalizado em Maringá. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Paranavaí.