Humor – Um recurso para conviver com o peso da vida

A leveza de atitude é um traço de algumas pessoas, que, diante das turbulências da vida, têm a capacidade de – entendendo a situação – rir de si mesmas ou do outro, amenizando assim os sofrimentos inerentes às frustrações da existência.

O humor faz parte dos recursos psicológicos úteis à manutenção de uma boa saúde mental. O "humor psicológico" (aqui entendido como uma boa saúde emocional e mental) nos mantém equilibrados. Ele nos tira de uma posição rígida, tensa; sem, no entanto, se confundir com um piadista, irreverente e grosseiro. 

O humor surge, assim, como um meio de obter prazer na vida, apesar da vivência de experiências dolorosas, pontuais ou permanentes.

Percebemos que há pessoas que conseguem triunfar, mesmo ao serem afligidas pelas provocações cruéis da realidade. 

São pessoas que lutam diante das intempéries da vida e o fazem de forma espirituosa, mesclando o peso e a leveza de viver, sem serem arrogantes, nem tampouco niilistas.

Essa espécie de humor pode ser conferida nas artes, especialmente nas telinhas do cinema, a exemplo dos filmes de Charles Chaplin e Woody Allen, que retratam o trágico da vida com lentes de autoconhecimento e bom humor.

O humor não é uma característica resignada. Pelo contrário, ele é rebelde. Denuncia os disfarces com os quais a civilização oculta a precária realidade humana, assim como também, nos poupa um pouco da fadiga de viver. 

Há várias válvulas de escape que possibilitam à mente humana superar ou escapar da trágica realidade da vida.

Esses recursos mentais são muito variados: neuroses, loucura, drogas, intoxicações, autoabsorção, êxtase, fantasia, etc.

O humor, contudo, é a válvula de escape mais positiva que o aparelho psíquico possui. É por meio dele que conseguimos superar os desafios com um grau de saúde mental positivo.

Contudo, humor não é um dom; não é dado. Pelo contrário, é algo conquistado por uma ironia fina, mas não destrutiva e uma incansável busca por conhecimento, seja de si mesmo, seja dos desenhos estruturais da vida, por parte de cada um de nós individualmente.

Esse caminho rumo a um humor saudável perpassa por poder conviver consigo mesmo, escutar a própria voz emocional e se divertir com as autopercepções que surgem dessa troca íntima.

Ou seja, ao se valer do humor, o peso da vida passa a caber melhor dentro de cada um de nós. 

Colaboração de Márcia Spada