Impactante foi ver criança roubando, diz vítima de arrastão na USP

SÃO PAULO – O estudante da USP Arthur Cavalheiro, 23, afirmou ontem que uma criança de cerca de oito anos participou do arrastão em que ele e outras oito pessoas foram vítimas dentro do campus da universidade, na zona oeste de São Paulo.
O crime aconteceu por volta das 20h30 de quinta-feira, em uma quadra da Cidade Universitária. Dez pessoas – duas delas armadas – entraram no campus e assaltaram um grupo de alunos que treinava handebol.
Segundo Cavalheiro, dois assaltantes aparentavam ter em torno de 20 anos, mas os demais pareciam ser adolescentes, além de um garoto de cerca de oito anos. Nenhum deles tinha sido preso até o início da noite de ontem.
"O mais impactante foi ver uma criança de uns oito anos nos roubando. Ela pegou os tênis das meninas", disse o Cavalheiro, que cursa o quarto ano do curso de educação física.
Antes do arrastão, ele dava aulas de handebol para oito alunas da Fofito (departamento de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional).
"Estávamos conversando quando eles invadiram a quadra. Apontaram a arma para mim. Roubaram tudo. As meninas saíram descalças", disse o estudante. Os assaltantes roubaram tênis, celulares, mochilas e roupas dos estudantes da USP. Depois fugiram.
A quadra onde ocorreu o arrastão pertence ao Hospital Universitário. Funcionários da universidade ouvidos pela reportagem reclamaram que o local é mal iluminado e que a Polícia Militar raramente faz ronda na área.
Cavalheiro criticou a atuação da PM no campus. "Uma base comunitária aqui não assusta ninguém. Sou a favor da PM no campus desde que ela funcione efetivamente", disse.
Mesmo com a presença da Polícia Militar na Cidade Universitária, a guarda da USP registrou aumento de 55% nos roubos e furtos em 2014 em relação a 2012, primeiro ano após a entrada em vigor de convênio prevendo PMs no campus.
Desde então, a polícia não conseguiu frear a tendência de aumento nesses crimes. Até setembro deste ano, foram registrados 93 casos, ante 60 em todo 2012, segundo a USP. Em 2013, houve 72 registros.
Na manhã do último domingo (28), a remadora Bianca Miarka, 32, foi espancada e teve a mochila roubada por dois ladrões em frente a um dos portões da universidade quando chegava para disputar o campeonato brasileiro de remo. O caso foi incluído nas estatísticas divulgadas.