INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
A insuficiência cardíaca é um quadro clínico que se atribui, como o nome diz, a uma insuficiência do músculo cardíaco, em que a função de bomba (ejeção) não é feita de modo pleno, implicando a diminuição de sua “força”.
Quando surgem as manifestações clínicas de maneira rápida e intensa, ocorre o denominado “edema agudo do pulmão”, pois o sangue circulante não possui velocidade adequada e os pulmões são inundados, de forma aguda, com a “água” do sangue, o que muitas vezes leva o indivíduo à morte se não atendido prontamente.
Como se pode notar, a falência aguda do músculo cardíaco leva a esse quadro, traduzindo-se por uma significativa falta de ar.
Não obstante, se o caso for de falência progressiva, e não aguda, isto é, aquela que ocorre ao longo do tempo, teremos a evolução de insuficiência cardíaca inicial com poucas manifestações de cansaço e falta de ar aos esforços. Nesse caso, há uma progressão nos sintomas conforme a evolução da doença ao longo do tempo.
Numa classificação da American Heart Association (AHA), a insuficiência cardíaca subdivide-se em grupos funcionais de I a IV.
No primeiro estágio os sintomas são menores e, ao progredirem, intensificam a dispneia (falta de ar) e produzem inchaço dos membros inferiores e do fígado, fazendo com que a insuficiência cardíaca progrida cada vez mais, em razão da perda da função de “bomba”, até atingir a classificação máxima, que é o grupo funcional IV, estágio avançado com grandes manifestações clínicas, oriundas da ação reduzida do músculo doente, o que, em casos extremos, seria indicativo de transplante cardíaco.
No entanto, nos grupos funcionais I, II e III a proposição é de tratamento clínico à base de medicamentos, como cardiotônicos, diuréticos e outros, além do tratamento causal das doenças que levam a esses quadros de insuficiência.
São muitas as causas da insuficiência cardíaca, mas, aqui, farei referências apenas às principais, ou mais frequentes, como é o caso do infarto do miocárdio, que nada mais é do que a “morte” do tecido do miocárdio, deixando uma área de cicatriz (tecido conjuntivo) na região necrosada, que perderá a sua ação muscular.
Conforme a extensão das regiões atingidas pelo infarto é que teremos sequelas maiores ou menores, sendo a insuficiência cardíaca uma delas.
Outra causa de insuficiência cardíaca é a pressão alta não tratada adequadamente ao longo dos anos, proporcionando um aumento do coração, uma hipertrofia, e fazendo com que haja a perda da função de “bomba”.
Ainda, qualquer lesão em quaisquer das quatro válvulas cardíacas, se não corrigida, poderá, com o tempo, levar ao quadro de insuficiência cardíaca por aumento das áreas das cavidades cardíacas. Hoje temos insuficiências cardíacas por doenças valvares em menor número, devido à correção dessas válvulas (mitral, aórtica e outras) por meio de cirurgias, haja vista o grande desenvolvimento desse segmento da cirurgia cardíaca e, também, em razão das atitudes preventivas largamente preconizadas, o que também faz com que haja a diminuição da frequência com que ocorrem doenças valvares.
Processos inflamatórios como miocardites, endocardites e pericardite, quando causam lesão no músculo, também poderão levar ao quadro de insuficiência cardíaca ao longo do tempo, assim como as arritmias complexas, provocadas, por exemplo, pela miocardite chagásica crônica, causa de insuficiência cardíaca muito encontradiça em tempos passados, mas rara nos dias de hoje devido às campanhas de prevenção.
Igualmente, a arritmia denominada fibrilação atrial, muito frequente em idosos, é uma das causas de insuficiência cardíaca.
Além das cardiopatias isquêmica e hipertensiva, as cardiopatias congênitas, que decorrem da má-formação durante a gestação, também podem levar à insuficiência cardíaca do recém-nato ou da criança, em consequência das manifestações de sua descompensação cardíaca.
Por fim, lembraria que o melhor tratamento é aquele de caráter preventivo, ou seja, a pessoa deverá sempre, metódica e periodicamente, realizar consultas com seu médico, submetendo-se a exames e, o principal, aderir ao tratamento e dar continuidade às orientações médicas, para que doenças como essa sobrevenham o mais tardiamente possível, proporcionando maior qualidade de vida e postergação da morte.