Ivan critica postura dos adversários e defende campanha mais abrangente
“Um fala só sobre a saúde e o outro sobre o empréstimo (PAC – obras de asfalto). É muito pouco para uma campanha que deveria ser mais propositiva e mais diversificada”.
A afirmação é do candidato a prefeito de Paranavaí, do PSTU/PSOL – Coligação Paranavaí Socialista – Ivan Bernardo, criticando a postura dos adversários. Para ele, há uma falsa polarização entre grupos econômicos, divididos nas outras candidaturas.
Se apresentando como uma alternativa para os trabalhadores, Bernardo entende que, além da saúde, da infraestrutura e da educação, é necessário debater outras questões, tais como lazer, meio ambiente e geração de emprego. É sobre lazer e meio ambiente a sua proposta mais abrangente.
Ele quer transformar o entulho da Vila Operária num centro de lazer. O “lixão” está num local inadequado, com três escolas: Caic, Cecap e Getúlio Vargas, além da Escola Curitiba, a poucos metros, justifica.
Bernardo lamenta que as pessoas coloquem fogo nos entulhos, mas responsabiliza a prefeitura por não dispor de funcionário para fiscalizar, o que prejudica as escolas e toda a comunidade da Vila. Por isso, a proposta de tirar o lixão e fazer uma pista de motocross, campo de futebol suíço, pista de skate, quadras de areia para futebol e vôlei, além de mesas fixas para dama, xadrez outros jogos.
Saindo da Vila, entende que é possível fazer campos de futebol em todos os bairros da periferia, retirando as crianças das ruas e revitalizando as praças. A mesma proposta das mesas fixas e mais uma pista para a prática do bicicross deve ser aplicada no Jardim Ouro Branco, modelo semelhante em todas as regiões.
Nos Jardins Simone e Renascer, lamenta Ivan Bernardo, empresas privadas e até instituições públicas jogam detritos nas nascentes. A ideia é que eles canalizem o esgoto, fala o postulante, cabendo ao município fazer parques, como tem em Curitiba, por exemplo. Entre os Jardins Campo Belo e Simone, além do Distrito de Sumaré, dá para fazer o mesmo, analisa.
Ivan Bernardo também entende que é preciso incentivar o turismo nas margens do Rio Paranapanema que, segundo ele, está esquecida. “Paranavaí tem que assumir o seu território. Investir no Cristo Rei, nas margens do Panema para o turismo”, reforça.
OS JOVENS E AS DROGAS – É muito triste você ver a situação das drogas, muitos jovens se perdendo, sendo arregimentado pela violência, diz o candidato.
Para combater o drama, não se deve investir na repressão, mas sim na segurança das pessoas. E ele explica: a segurança da escola integral, a segurança alimentar, da moradia, do emprego principalmente. Assim, destaca o professor, os jovens não ficarão expostos à criminalidade.
Ele complementa as ações, justificando que se o jovem tiver cultura, arte, música e outras formas de expressar os seus talentos, a vida será melhor. O candidato acha que com poucos recursos, investindo no atletismo, no esporte amador, o jovem pode ser protegido da violência.
Bernardo entende que todos os candidatos deviam discutir, pelo menos, a implantação de uma clínica para recuperação de dependentes. Ele cutuca os adversários, lembrando que essa era uma proposta do seu programa, copiada pelos oponentes. E vai além, afirmando ser importante que assumam esse compromisso.
Ivan Bernardo quer mais debates sobre as drogas, pois as ações públicas dispõem de poucas vagas. Por outro lado, há necessidade de atendimento mais especializado com psicólogos e toda estrutura para recuperar o dependente. E resume: “Tratar com dignidade essas pessoas”.
CONTRA NOVAS SECRETARIAS – Ivan Bernardo mantém o seu tom crítico ao citar duas ações em andamento muito debatidas na campanha: o videomonitoramento e a Secretaria de Segurança Pública.
Sem sorrir, mais com uma ponta de ironia, avalia que o sistema de vídeo da cidade é um “Big Brother às avessas” (referência ao programa de TV). E segue o raciocínio, opinando que “na TV Globo as pessoas concorrem a R$ 1 milhão. Aqui tiram quase R$ 1,3 milhão dos cofres públicos para algo praticamente ineficiente.
Mantendo o tom crítico, diz que o governo está protegendo o patrimônio de “praticamente três famílias”, donas dos prédios na área central. Para o postulante, a concentração de propriedades já se caracteriza especulação imobiliária.
Voltando ao sistema de vídeo, lamenta que não há câmeras e segurança na periférica, onde está acontecendo a tristeza das drogas. Para ele, debater segurança é, por exemplo, discutir a questão de uma penitenciária agrícola. A sua coligação é contra o modelo de presídio que amontoa as pessoas e não resolve o problema.
A redução da violência passa pela discussão do presídio, visando dar aos presos a dignidade de trabalhar, produzir o seu alimento e vender as sobras, que serão renda para as famílias. Além disso, ter curso e profissionalização para quando saírem da cadeia, terem direito ao trabalho e uma formação profissional.
Ivan também acha que é preciso acabar com o que considera preconceito: que presidiário é tudo bandido. “A gente acredita que eles cometeram um crime, tem que cumprir a pena, mas precisa ter oportunidade, garantia de emprego, estudo e formação profissional”.
Para finalizar o tema, Ivan Bernardo analisa que a criação de uma secretaria, citada pelos dois oponentes, é mais um cabide de emprego, um acordo político para fechar suas coligações. Ele diz que em Paranavaí não se discute projetos, só loteamento de cargos. Isso reflete no desenvolvimento da cidade.
Segundo a sua análise, é um dos fatores pelos quais Paranavaí não cresce no mesmo ritmo de cidades como Maringá, Londrina e Umuarama.
EDUCAÇÃO – Paranavaí investe menos em educação do que o mínimo legal de 25%, reclama o postulante. Para ele, educação tem que sair da ideia e ir para a prática. Para ter educação de qualidade, o professor precisa ganhar bem. Paranavaí paga menos do que cidades menores da região e o piso não é respeitado, fala. Ele também quer ampliar a hora atividade dos atuais 20% para 33% da jornada. Por fim, credita a pequena melhora no IDEB ao trabalho dos professores.
Ivan Bernardo indica escola integral e mais investimento na arte, na cultura e na música, no esporte. Hoje as escolas integrais são depósito de crianças, com 35 alunos por turma, reclama. Para ele, o máximo deveria ser de 25 alunos por turma nas escolas municipais. Nas creches, ideal é de apenas oito crianças. Além disso, defende maior número de professores e funcionários.
A melhoria na educação passa também pela participação dos pais na equipe pedagógica, dando opiniões. E que tenham direito ao voto para eleger diretores, entende. Hoje para ser diretor é preciso estar com um político, o que prejudica a democracia e a criança na questão da cidadania, reclama.
SAÚDE – Para o candidato socialista, o debate sobre saúde é só na época de eleição. Nenhum dos dois candidatos vai cumprir a promessa, critica.
O Hospital Noroeste está debatido de forma errada, entende. São 12 anos e a iniciativa privada não cumpriu o pactuado. Por isso, deveria ter voltado para o município.
Também, a retomada nos moldes propostos não resolveria o problema local, já que as vagas seriam administradas pela Central de Leitos (Maringá). Bernardo quer um hospital municipal, com vagas exclusivas para a cidade.
Ele cita um posicionamento polêmico: é contra investir dinheiro público na Santa Casa, por também tratar-se de instituição privada, apesar de atender pacientes do SUS. Ele quer fazer concurso para contratar mais médicos e melhorar o salário do servidor da saúde em geral.
“Médico do SUS não pode estar preocupado com a clínica particular ou com bois”. Ele defende o cumprimento da carga horária e diz que “alguns médicos só trabalham duas horas por dia”. Para os demais funcionários, quer a redução da jornada para 30 horas semanais, como recomenda a OMS – Organização Mundial de Saúde.
Para financiar a saúde, Bernardo entende que há recurso no orçamento. São quase R$ 500 milhões em quatro anos, analisa. Sem falar que, com bons projetos, há verbas no Estado e no Governo Federal.
Ele quer também tirar uma fatia da verba da Câmara, reduzindo o limite máximo de 6% para um teto de 3%. Cortar os cargos comissionados geraria economia de mais dez milhões. Seguindo esses cálculos, o postulante entende que sobrariam mais 25 milhões para a saúde.
MOTOS – Paranavaí tem 16 mil motociclistas. Ivan Bernardo apela para esse público por entender que ele “tem poder para tirar e por prefeito e três ou quatro vereadores”. Por isso, devem se unir para impedir a cobrança do estacionamento para motos. A proposta do PSTU/PSOL é ampliar o estacionamento e revogar a lei proposta pelo prefeito e que teve o apoio da maioria dos vereadores na câmara.
Ivan Bernardo se mostra entusiasmado com a campanha. Ele comemora a aliança e o reforço informal do PCB (recém-formado na cidade), os partidos coligados esperam eleger um vereador.
Otimista, diz que vai ganhar as eleições. Porém, caso não aconteça, antecipa uma oposição responsável para cobrar todas as propostas que melhorem a vida do povo.
Ele prestou um rápido balanço financeiro da sua campanha: R$ 3 mil para o programa de TV; programa de rádio 200,00 e mais a despesa com panfletos, fechando entre R$ 5 e 10 mil.
PORQUE VOTAR NO IVAN?
“Porque a maior parte da população é trabalhadora, que produz a riqueza. Nós temos uma ideologia aqui em Paranavaí que o trabalhador não pode ganhar as eleições. Só grande empresário, o grande latifundiário. Colocam que não temos chance, isso é uma mentira. Quem tem o poder do voto, a pesquisa mesmo é dia 7 de outubro. O eleitor pode transformar a realidade, ele que tem a autoridade, a soberania do voto. Que não se iluda com pesquisa, com propaganda, com gastança de dinheiro na campanha. Que acredite nele, votando no dia 16 para melhorar a vida de todos. Não pregamos aqui que vamos fazer uma revolução em Paranavaí. Podemos melhorar e muito em relação à saúde, educação, lazer, cultura e arte. Esse é o nosso objetivo e já estamos felizes por sermos opção para a classe trabalhadora, para que não seja enganada mais uma vez. Vote 16”.