Janot diz que envolvidos na Lava Jato roubaram orgulho brasileiro

CURITIBA – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem que os envolvidos no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e pagamento de propina, investigados pela Operação Lava Jato, “roubaram o orgulho brasileiro”.
A afirmação foi feita durante entrevista coletiva no Paraná, na qual foram denunciadas 35 pessoas envolvidas no esquema.
“Eu queria dar um recado: essas pessoas, na verdade, roubaram o orgulho dos brasileiros”, disse Janot, e acrescentou que a denúncia de executivos de empreiteiras envolvidas no esquema é apenas o começo da investigação.
“Estamos longe do final dela [investigação]. Essa é mais uma fase, a complexidade dos fatos nos leva de forma responsável, de forma muito firme, a afirmar que esta investigação chegará ao final”, completou.
Segundo Janot, os denunciados ligados deram uma “aula de crime”. Na denúncia oferecida, o MPF informou que dos 35 denunciados, 22 são ligados às empresas investigadas: Mendes Junior, GFD, Camargo Corrêa, UTC, OAS, Engevix e Galvão Engenharia.
Algumas pessoas foram denunciadas mais de uma vez, como o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O MPF ressaltou ainda que o doleiro Alberto Youssef, também denunciado, era o maior operador do esquema.
A Operação Lava Jato investigou um esquema de pagamento de propina, lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, de acordo com a Polícia Federal, movimentou R$ 10 bilhões desviados de contratos da Petrobras.

35 PESSOAS – Após meses de investigação, 35 pessoas, vinculadas a seis empreiteiras, foram denunciadas ontem pelo Ministério Público Federal, na primeira denúncia contra executivos investigados pela Operação Lava Jato.
A partir de agora, executivos ligados às construtoras OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, Engevix e Galvão Engenharia foram acusados formalmente na Justiça, e devem responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Também foram denunciados o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, entre outros investigados. Dos 35 denunciados, 22 estão ligados às empreiteiras.
As cinco denúncias apresentadas à Justiça dizem respeito aos contratos da área de abastecimento da Petrobras. Novas denúncias devem ser apresentadas nós próximos dias.
As empresas são investigadas sob suspeita de participarem de um esquema de fraudes à licitação e desvio de dinheiro público em obras da Petrobras. Porcentagens de 1% a 5% sobre o valor dos contratos seriam repassadas a diretores da estatal e a agentes políticos, com a intermediação de doleiros como Youssef.
Hoje, 11 executivos permanecem presos preventivamente na sede da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, responsável pelas investigações. Eles só saem mediante decisão judicial favorável, o que até agora não conseguiram.
A maioria deles está detida desde o dia 14 de novembro –quase um mês.
As denúncias do MPF foram protocoladas na sede da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, e devem ser apreciadas pelo juiz Sergio Moro, responsável pelo caso.
Caberá a Moro decidir se será aberta ação penal contra os acusados. Em caso de início do processo criminal, os suspeitos passarão à condição de réus.