Julgamento do mensalão tem “função pedagógica”, diz CNBB

BRASÍLIA  – Para o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), cardeal Raimundo Damasceno Assis, o julgamento do mensalão tem uma "função pedagógica" para a sociedade brasileira e para os candidatos em campanhas eleitorais.
"A sociedade, cada vez mais, vai rejeitando toda forma de impunidade, de corrupção, de desvio de dinheiro público, e creio que isso pode realmente colocar em alerta os nossos homens públicos em todos os níveis: federal, municipal, estadual", afirmou em coletiva de imprensa ontem o presidente da CNBB.
"É importante que isso possa educar toda a população de que não queremos mais admitir a impunidade e a corrupção", completou. O religioso preferiu, no entanto, não fazer nenhuma crítica direta aos acusados de participar do esquema do mensalão.
"Nós não podemos antecipar um juízo sobre partidos políticos, pessoas que estão envolvidas nessa ação penal. Temos que aguardar o julgamento final”.
Indígenas – A entidade divulgou ainda uma nota em que aponta sua "preocupação e discordância" diante de portaria da AGU (Advocacia-Geral da União), publicada no mês passado, que permite ao poder público fazer intervenções em terras indígenas sem a necessidade de consultar índios ou a Fundação Nacional do Índio.
Para a CNBB, o texto desrespeita "o direito de consulta aos povos [indígenas]" e favorece a "legitimação da ilegalidade do esbulho das suas terras". Segundo a AGU, em respeito à "soberania nacional", será possível construir bases militares, estradas ou hidrelétricas em áreas demarcadas "independentemente de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à Funai".
Na nota, a CNBB pede a revogação da portaria. "Sua manutenção fará aumentar a vergonhosa dívida social que o Brasil acumulou com os indígenas ao longo de sua história", afirma trecho do documento.