Kátia Abreu acusa mulher de Cachoeira de ameaçá-la em telefonema anônimo

BRASÍLIA  – A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) afirmou ontem ter recebido uma ligação em seu gabinete, com ameaças em relação ao seu comportamento na CPI do Cachoeira. Ela atribui o telefonema a uma ordem de Andressa Mendonça, mulher do empresário Carlinhos Cachoeira.
Segundo a senadora, a ameaça foi feita por telefone no último dia 2 de agosto. A ligação teria sido feita por um homem, ainda não identificado, para o gabinete da senadora por volta do meio dia. Quem atendeu ao telefone foi a secretária do gabinete.
"Me responde se a senadora vai se retratar do que ela tem dito pela imprensa por esses dias. Nós conhecemos todos os passos dela em Tocantins e aqui [em Brasília]. Ela tem que se retratar do que ela disse porque se não nós vamos atrás da cabeça dela".
O telefone foi identificado como um orelhão que fica em Taguatinga.
"Infelizmente lá tem câmeras, mas elas não estão funcionando, estão com defeito e não podemos identificar a pessoa que fez a ligação", afirmou Kátia Abreu.
No fim de julho, ela já havia afirmado que faria uma interpelação contra Andressa Mendonça, mulher do empresário Carlinhos Cachoeira. Andressa teria afirmado possuir um dossiê contra a senadora, com supostas provas de que Katia Abreu teria pedido contribuições ao jogo do bicho.
FICA CALADA – A mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, ficou calada ontem na CPI que investiga os negócios do empresário de jogos ilegais e sua relação com agentes públicos e privados. "Vou exercer o direito constitucional de permanecer em silêncio", disse Andressa. Cachoeira manteve a mesma atitude quando depôs na comissão.
Depois de recusar a falar, a mulher do empresário foi dispensada cerca de 10 minutos após se sentar para o depoimento.
A dispensa foi ordenada pelo presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB).
A situação irritou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que chamou Andressa de "mentirosa" e "cascateira".
Um dos motivos para o depoimento de Andressa é a acusação de tentativa de chantagem ao juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal em Goiânia.
Ela foi detida na segunda-feira do último dia 30 por suspeita de tentar corromper Santos, responsável pela ação penal contra o grupo de Cachoeira que resultou na prisão do empresário, em fevereiro.
Segundo o juiz relatou ao Ministério Público, Andressa afirmou possuir um dossiê com informações desfavoráveis ao magistrado que seria divulgado pela revista "Veja" caso ele não concordasse em revogar a prisão de Cachoeira.
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da mulher de Cachoeira, que foi obrigada a prestar depoimento e a pagar fiança de R$ 100 mil.