LER OU NÃO LER EIS A QUESTÃO. QUE DÚVIDA CRUEL
O que nos leva a titubear sobre algo? Porque em determinados momentos ficamos divididos entre duas situações, escolhas, opções ou decisões? A isso, a essa sensação de divisão identificamos como dúvida. Correto, mas porque sentimos dúvida? Porque esta sensação nos cobra sempre uma decisão e nunca a incerteza?
Devemos decidir por qual direção seguir, qual o prato do dia, qual traje adequado usar em dias frios como hoje. E porque temos que ir trabalhar em dias que nos sentimos congelados em invernos rigorosos? Estas mesmas ou talvez outras dúvidas permeiam a mente de todos os seres viventes sobre a face da Terra. Inclusive a mim, no momento de decidir a escolha do tema deste artigo.
Primeiramente terá que ser um texto sucinto, até porque ninguém tem muito tempo e paciência para leitura; em seguida um texto com fácil compreensão, não que vocês leitores não iriam compreender, porém que seja mais acessível a todos, desde que os compreenda pequenos leitores até os mais experientes, com maior bagagem de leitura.
Então já dizimei duas dúvidas, ou seja, estou desbravando minhas decisões. Certo, então qual seria o próximo passo, o tema, claro, como e o que escrever a vocês que estão aguardando o texto desta semana.
Peguei-me analisando muitas coisas, muitos temas, mas há um em especial que tem nos incomodado há algum tempo, esta dita cuja da dúvida. Somos questionados sobre nossas escolhas, nossas decisões, mas nunca sobre nossas dúvidas.
A mesma que destruiu a imagem de uma personagem forte, intensa e desbravadora de Machado de Assis, nossa cara Capitu. Sim, porque a imagem desta mulher de amada passou a ser amante do outro e não do esposo, segundo seu olhar enciumado; de cúmplice passou a traidora; de apaixonada à dissimulada.
Esta mesma dúvida também nos trouxe a nossa real situação, afinal de contas biblicamente Eva foi tentada a infringir uma das leis do Paraíso, o que a levou a pensar, “aceito ou não esta oferta tentadora?”. Em nome de sua fome e do desejo que a sucumbia em descobrir o novo, aceitou a fruta proibida sucumbindo no que conhecemos como “pecado original”.
Mas e se Eva não tivesse cedido, como seríamos nós, como seria o mundo hoje? Percebem como a dúvida é original? Já se perguntaram se Noé quando foi embarcar os animais na arca
construída segundo a orientação divina também não titubeou ao escolher os animais? Apenas um casal. E os outros? O que seriam deles? Foram deixados para serem destruídos no dilúvio? Enfim, tantas situações e personagens que nos levam a crer que esta pequena palavra, mas, com intensa significação jamais nos abandonará. Assim, não se assuste ou se recrimine caso for pego ou pega (olha a dúvida em que gênero de pessoa escrever), caso você ficar em dúvida ao ler este artigo: termino ou não? Pode ser mais chato ou não? Pode atingir a intenção de me refletir ou não? Não pense, enfrente, encare, desbrave e só assim você saberá se valeu a pena.
O poeta Fernando Pessoa já nos apresentava a súmula: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Sendo assim, sigamos a orientação sábia do poeta luso. Vivamos intensamente cada instante, cada momento, com dúvidas ou não, apenas se recordando que cada escolha tem sua consequência, porém se não tentarmos como saberemos se escolhemos o trajeto correto.
Que nossa alma não seja minúscula, mas infinita, que nossas escolhas sejam intensas e jamais ínfimas, que nossos sonhos sejam pacificadores e jamais destrutivos, mesmo que venham em forma de pesadelo, mas que sejam identificados com a positividade que todos os sonhos nos transmitem.
Este texto pode ter parecido tolo, sem sentido até o momento, mas tenha uma certeza, e não duvide, ele lhe fará meditar em suas escolhas sempre que as encarar. Toda escolha tem seu resultado, toda dúvida leva a uma escolha e todas as nossas dúvidas vem de algumas opções que nos são destinadas.
Fiz minhas escolhas, algumas erradas outras corretas, algumas tortas outras retas, mas jamais desisti de algo por estar em dúvida. Jamais encarei minhas decisões com covardia ou medo. E hoje colho os maduros frutos de todas que plantei, aguardei crescer e dar ponto de colheita. Reflita nisso, dúvidas surgem para nos fazer pensar, nos fazer decidir sobre nossos caminhos, por mais que pareçam tortuosos ou escuros, sempre haverá uma segunda opção e no fim desta trilha a luz que tanto buscávamos, um grande e afortunado futuro a todos nós.
“Neste carnaval em que vivo, perco-me em plumas, paetês e confetes. Às vezes sou pierrô, mas muitas vezes sou colombina” (A.M.O. – 09/07/2014).
Colaboração de André Maciel de Oliveira
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