Líder do setor pede prudência para evitar excesso de oferta de mandioca

O preço da raiz de mandioca vive um momento de preço elevado, condição momentânea de mercado que pode levar a alguns equívocos. Um deles é o plantio em quantidade muito maior que a atual, gerando crise de superprodução e preços baixos no futuro.
O alerta é do presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná – SIMP, João Eduardo Pasquini que pede ao produtor, antes de plantar, uma reflexão sobre a cultura nos últimos anos.
Ele lembra da crise de preço iniciada em 2014 e aprofundada em 2015 e 2016. Neste período, a tonelada da raiz chegou a ser comercializada a menos de R$ 140,00, portanto abaixo dos custos de produção.
Uma situação oposta ao que se vê neste início de ano. Na última quinta-feira, a tonelada da raiz chegou a ser comercializada a R$ 655,00 (preço máximo), como informou o Deral, da Secretaria de Estado da Agricultura.
Mas, o mercado é dinâmico. Um exemplo é que no começo desta semana, a tonelada recuou para em torno de R$ 600,00, diz o industrial.
Para se orientar, o produtor deve buscar informações antes de plantar. Pasquini sugere que o Deral, a indústria e os próprios agricultores são fontes importantes. Aliás, ele vê uma busca maior pelo plantio nos últimos dias, tendo em vista a procura por terras para arrendamento e por ramas.
Se ainda assim a decisão for pelo aumento da área, Pasquini sugere ampliação gradual. “Não se deve dobrar, triplicar a área”, reforça. Ele reitera que não interessa a ninguém o desequilíbrio do setor.
MOTIVOS DA INSTABILIDADE – A instabilidade do mercado tem vários fatores. Um deles é a seca dos estados do Nordeste, que já dura cinco anos. Sem produção, a região busca farinha de mandioca no Sul, o que levou a reativação das farinheiras e, por consequência, mais concorrência em relação à matéria-prima voltada para a fécula.
O eventual fim da seca no Nordeste também vai refletir no mercado para a mandioca a ser plantada.
Outro fator que também contribuiu para a elevação é que o produtor ficou descapitalizado para plantar ou se desinteressou pela atividade nos últimos dois anos, analisa.

INDÚSTRIA E EMPREGO
Com tantas idas e vindas na produção da matéria-prima, a indústria também sofre os reflexos. Pasquini confirma que hoje o setor tem pelo menos 40% da sua capacidade ociosa, isso é, de máquinas paradas. Como consequência, o número de empregos cai, na casa dos 30%.
Na média, as indústrias eliminaram um turno de trabalho.
Mesmo assim, o líder industrial entende que não há falta de fécula no mercado. Isso porque as indústrias fizeram estoques nos tempos de oferta abundante de raiz.
Por outro lado, há empresas importando da Tailândia, onde o preço da fécula está em baixa, na casa de 380 dólares a tonelada.  

NÚMEROS
A área estimada pelo Deral a ser colhida na atual safra (2016/2017) nos 33 municípios de abrangência do Núcleo Regional de Paranavaí é de 30.326 hectares.
A produção deve girar entre 30 mil e 33 mil quilos por hectare. A safra (mandioca de dois ciclos) se estende até o meio do ano (dois anos). Após, deve ser colhida a mandioca de um ciclo.  
Em termos de área, houve um recuo em relação ao período anterior – 2015/2016, quando os produtores plantaram 38.588 hectares nas cidades da região.
No Paraná são 165 mil hectares plantados com mandioca, produzindo 04 milhões de toneladas e gerando aproximadamente 33 mil postos de trabalho.