Líder: olhos, ouvidos e coração de uma empresa

Por Alexandre Slivnik*
 
Mês passado ocorreu um fato que não podemos deixar de debater, principalmente para quem trabalha no segmento de gestão de pessoas.
Trata-se do acidente aéreo da Germanwings. Atestados e avaliações impediriam o copiloto de voar naquele fatídico dia. Ao invés disto, escondeu da família, da empresa e dos colegas de trabalho que precisava “se cuidar”.
Nas matérias publicadas, foi divulgado também que o copiloto teria tido uma depressão ligada ao esgotamento profissional em 2009, conhecida como síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional.
A principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.
Porém a ideia neste artigo não é discutir o acidente e nem se o copiloto estava saudável ou não. Afinal, não sou um especialista em aviação mas sim em gestão de pessoas.
Quero chamar a atenção sobre como são conduzidas as relações de trabalho. A importância do líder de ouvir, ver e sentir a sua equipe. Motivar com altos salários já não basta, porque cada colaborador é único e necessita da atenção de seu “chefe”, independente do porte da empresa que trabalhe. Esse cuidado é fundamental, afinal no caso do acidente, um “vamos conversar?”, “o que está acontecendo?”, “você precisa de algo?” Mudaria a história de mais de150 pessoas.
Nem todo talento, nem todo o profissional extraordinário consegue encontrar o seu caminho na primeira tentativa. Nem sempre a organização dá as condições de que o colaborar necessita para demonstrar todo o seu talento e assim atingir o crescimento ou reconhecimento profissional que tanto almeja.
Infelizmente, boa parte das empresas estão preocupadas somente em contratar bons profissionais e retê-los. O que vemos é que ainda as organizações estão desprezando a importância da valorização de seus próprios colaboradores.
Não reconhecem um bom profissional, investem pouco em seu treinamento e não pensam duas vezes antes de cortar pessoal, quando a ordem é cortar custos ou programas de carreira e pacotes de incentivos.  Esses, estão cavando a própria sepultura, porque estão na contramão do que o mercado dita. Os prejuízos e esses erros podem se tornar imensos para a organização e desestimulantes.
Um outro fato que merece destaque dentro deste tema, foi um dado curioso que descobri durantes as pesquisas que realizei para escrever meus livros. Somente 41% das pessoas afirmaram ter potencial para ser insubstituíveis e extraordinárias. Se você não acredita, não pode fazer. Entretanto, se essas pessoas se depararem com uma organização que imprima novos conceitos, e faz com que a sua equipe acredite em algo maior do que as atividades diárias, essa realidade muda! E mudará também essa autoestima.
Desta forma, os colaboradores passarão a enxergar sentido e valor do trabalho que ele desenvolve, agregando valor ao negócio e surpreendendo a cada dia com os benefícios que trará para a empresa. Se sentirá feliz, realizado, motivado… e com seus conflitos internos resolvidos.
Outro ponto a destacar é a resolução e antecipação dos problemas. Para isso, os líderes não podem ter medo de se deparar com um problema. Ele não é uma coisa ruim, mas uma oportunidade de crescimento. Antecipar um problema é prestar atenção em tudo ao seu redor e perceber o que pode ser um transtorno e encontrar uma solução para isso, antes mesmo do pedido de ajuda.
Um líder deve estar sempre atento e disposto a ajudar, dentro e fora da organização e por fim, também deve trabalhar para criar uma conexão emocional entre a equipe e a empresa.  Não se trata apenas de ter bons produtos ou serviços e atender de forma decente. Isso é o mínimo. Se conectar emocionalmente é se comunicar intimamente é essencial.