Lideranças políticas analisam o cenário sem Teruo Kato na disputa

O ex-deputado estadual Antonio Teruo Kato (PMDB) concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste, edição da última quinta-feira, afirmando que não será candidato a prefeito de Paranavaí nas eleições deste ano.
Considerado um dos grandes favoritos no pleito, a retirada da pré-candidatura do ex-parlamentar abre novas possibilidades de composições e desperta a vontade em outras lideranças, que buscam viabilizar suas chapas. As conversas se intensificaram após o anúncio.
Mesmo sendo taxativo de que antecipou a decisão (de não disputar) visando proporcionar aos aliados a chance para que possam se articular em torno de outros nomes, a classe política ainda tem dúvidas se tal decisão é definitiva.
E quem trabalha com a possibilidade de Teruo mudar de ideia lembra seu histórico de não se antecipar aos fatos e manter-se em silêncio (ou poucas palavras) até a composição final. O ex-parlamentar é reconhecido pela paciência diante de tais situações.
Uma liderança do grupo político de Teruo Kato recorre ao conteúdo da própria matéria veiculada pelo DN, em que o peemedebista diz que “hoje não é candidato”, mas que em política tudo pode mudar. No caso, se referia à mudança de cenário, incluindo questões empresariais e familiares, razões que o levaram a retirar o seu nome dentre os pré-candidatos.   
Como dizem os analistas mais experientes, em política não há vácuo. Nesta linha, o presidente da Comissão Provisória do PMDB, vereador Walter dos Reis, avalia que a decisão reforça a posição de Valdir Tetilla como pré-candidato da sigla.
Tetilla não queria uma disputa interna com Teruo Kato. “Por enquanto Tetilla é o nome”, disse o presidente, não descartando que outras lideranças possam se apresentar com igual intenção. Teruo tem entre os seus apoiadores outros companheiros com potencial, define. Como o PMDB integra um governo municipal de coalizão, formado por pelo menos dez partidos, Walter dos Reis não descarta até mesmo uma chapa com membros de outras agremiações. Uma definição deve começar a tomar corpo após a convenção peemedebista que deve eleger o novo Diretório Municipal no começo de março.
ADVERSÁRIOS – Pré-candidato convicto, César Alexandre dos Santos (PT) avalia que a provável ausência de Teruo Kato deva aumentar o número de postulantes ao Palácio Ivaí. Analisava anteriormente que com o ex-deputado no páreo haveria uma polarização e que a nova realidade abre o cenário para “múltiplas candidaturas” ou pelo menos mais pré-candidatos.
César Alexandre entende que ainda é cedo para saber como ficaria a disputa pelo voto. Lembra que Teruo está entre os políticos mais conhecidos. Se por um lado garante uma soma importante de votos já no início, em determinada medida carrega também a rejeição (situação de todos os políticos mais conhecidos, adverte).  
Em qualquer cenário, o petista acha que será uma disputa difícil a campanha feita em curto período. Ao contrário de pleitos anteriores, em que as convenções tinham que acontecer até 30 de junho, o prazo máximo agora é 5 de agosto, com o início em 20 de junho. A campanha começa em 16 de agosto, ou seja, apenas 45 dias, e não mais 90 dias como antes.
Pensando nesses e em outros novos aspectos, o PT reuniu anteontem em Curitiba os pré-candidatos das principais cidades do Paraná – 20 no total. César Alexandre informou que foi um encontro de planejamento e que contou com a participação da senadora Gleisi Hoffmann.
NÃO MUDA – Também pré-candidato, o ex-prefeito Maurício Yamakawa, do PP (gestão 2005/2008), entende que o anúncio de Teruo “não muda nada”. Justifica que já esperava por essa decisão e que Tetilla pode se consolidar como candidato peemedebista.
Yamakawa confirma a manutenção do grupo (que conta com César Alexandre e o vereador Roberto Picorelli – Pó Royal), de onde sairá apenas uma candidatura. O ex-prefeito sugere um debate sobre o orçamento de Paranavaí, que saltou de pouco mais de R$ 80 milhões em 2008 para mais de R$ 200 milhões atualmente.
ALIADOS – Pré-candidato pelo PV, o industrial Maurício Gehlen se reuniria neste sábado com Teruo Kato para “ouvir dele” a decisão. Isso é importante, pois Gehlen sempre deixou claro que não disputaria contra o ex-prefeito. Deve agora pedir o apoio e, paralelamente, buscar o apoio do deputado estadual Tião Medeiros (PTB).  
Gehlen concorda que o novo cenário possibilita o surgimento de novos candidatos que terão um período para consolidação (ou não).  Reitera que é preciso entendimento da sociedade para consolidar uma candidatura “pelo bem da cidade”, baseada em projetos e preparo para ocupar o cargo. “É uma preocupação como morador”.
Por fim, deixa clara a vontade se disputar e convicção sobre o seu nome: “Vou ser prefeito de Paranavaí. Agora ou no futuro”.
Uma das principais lideranças da base aliada do governador Beto Richa em Paranavaí, o deputado estadual Tião Medeiros (PTB) é adepto da ideia de que o novo cenário aumenta o espaço para novos candidatos e desperta interesses, já que Teruo é um nome forte e está na memória do povo por ter sido prefeito e deputado por duas gestões.
A exemplo de declarações anteriores, reitera que o desafio na cidade é unir o grupo em torno de uma candidatura para ganhar a eleição. Em tom conciliador, lembra que a presença de Teruo Kato no grupo é importante e que o momento vai significar uma mudança de modelo na política local. Na mesma linha, defende a presença do prefeito Rogério Lorenzetti no debate da sucessão para “dar continuidade ao trabalho”.

Nomes citados como pré-candidatos
Para quem gosta do exercício de “futurologia”, muitos nomes são citados como pré-candidatos, além dos já mencionados acima. Dentre eles: Aldrey Azevedo (Democratas), Carlos Henrique Rossato Gomes – delegado KIQ (PSDB), Fernando Carvalho (PSB), Nivaldo Mazzin (PSC), Pedro Baraldi (PTB), Roberto “Pó Royal” Picorelli (PSL, de mudança para o PMN), Renato Platz Guimarães (cogitado pelo PPS), Valdir Tetilla (PMDB) e Walmor Trentini (de saída do PSDB).