Líderes sindicais dizem que reforma da Previdência prejudica trabalhadores
“Queremos uma reforma da Previdência, mas que inclua bancos e grandes empresas. Magistrados e militares não estão incluídos e só atinge quem tem menores salários”. A declaração é do professor Celso José dos Santos, integrante da direção estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Ele foi um dos organizadores do protesto realizado na manhã de ontem, em Paranavaí, contra a reforma da Previdência proposta pelo Governo Federal. O texto precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados com pelo menos 308 votos favoráveis, dos 513 parlamentares.
A manifestação reuniu trabalhadores de diferentes categorias, entre os quais, professores, bancários e agricultores. “A reforma da Previdência vem atravessada, sem diálogo com a sociedade”, ponderou o diretor financeiro do Sindicato dos Bancários de Paranavaí, Wendrel Minare Vieira.
Na opinião dele, mais do que mudar as regras para aposentadoria, é necessário transformar a gestão previdenciária. Ele citou o fato de grandes empresários do país deverem R$ 450 bilhões. “Se pagassem, a balança estaria equilibrada”. O alto índice de desemprego também foi apontado como negativo para a Previdência.
Presidente da APP-Sindicato, Maria Julia Nunes da Rocha defendeu a participação dos professores no ato de ontem. “Somos formadores de opinião, não poderíamos ficar de fora”. Ela argumentou que as mudanças precisam ser justas e alcançar também aqueles que têm maiores salários, não somente os mais pobres.
Para a líder sindicalista, o protesto foi uma maneira de mostrar para a população que é necessário lutar pelos próprios direitos. “Temos que olhar uns para os outros. O povo brasileiro precisa acordar”.
Em defesa dos agricultores, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tamboara, Paulo Roberto Sanitá, afirmou que a reforma da Previdência atinge a categoria em cheio. O ideal, disse, é que os termos para contribuição sejam mantidos, ou os trabalhadores não terão condições de fazer a contribuição. Assim, não conseguirão se aposentar.
NACIONAL – Celso José dos Santos informou que o protesto de ontem se espalhou por todo o país – um movimento nacional para chamar a atenção dos deputados federais e pressioná-los para que votem contra a reforma da Previdência. “Queremos demonstrar que essa proposta não tem apelo popular”.
A avaliação do sindicalista é que as mudanças propostas pelo Governo Federal atendem aos interesses dos banqueiros e do grande capital financeiro, mas comprometem diretamente a classe trabalhadora.
COM CHUVA – A manifestação foi realizada mesmo com a forte chuva que caiu sobre Paranavaí na manhã de ontem. Os trabalhadores que participaram do protesto se protegeram embaixo de tendas ou com guarda-chuvas.
A intenção era fazer a concentração em frente à agência do Banco do Brasil, com manifestações dos trabalhadores, conversa com a população e coleta de assinaturas. Em seguida, uma passeata por algumas ruas da cidade. Por causa da chuva, no entanto, a passeata não aconteceu.
Querência do Norte foi outro município do Noroeste do Paraná com protesto contra a reforma da Previdência. O ato também ocorreu sob chuva.
VOTAÇÃO – A promessa era de que as mudanças fossem avaliadas pelos deputados federais ontem. No entanto, como se trata de uma alteração na Constituição, a votação precisou ser adiada, por causa da intervenção militar que acontece no Rio de Janeiro. Ainda não há data prevista para que a discussão seja retomada.