“Lixão” da Vila Operária deverá ser fechado até o fim do ano, afirma secretário municipal

Nem mesmo a chuva forte que caiu sobre Paranavaí na noite de terça-feira (12) impediu os moradores da Vila Operária de participarem da audiência pública sobre o terreno utilizado como ponto de descarte de lixo.
Também conhecido como “Buracão da Vila Operária”, o local recebe diariamente resíduos domésticos, materiais recicláveis, itens hospitalares, restos de construção civil e diversos tipos de rejeitos. Essa mistura, a céu aberto, provoca mau cheiro e incomoda quem mora por perto. Sem contar as frequentes queimadas e, por consequência, a fumaça.
Cansada de cobrar soluções do poder público, a comunidade se reuniu para o evento organizado pelo Ministério Público (MP), que contou com a participação de representantes de diferentes órgãos e entidades. Em nome da Administração Municipal, o secretário de Meio Ambiente, Ramiro Kulevicz, anunciou que o “lixão” deverá ser fechado até o final deste ano.
Ele afirmou que se trata de uma determinação do prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Caíque), que, em viagens a Curitiba e a Brasília, buscará propostas e recursos para solucionar o problema.
Mas os moradores têm pressa. Valdir Ramos sugeriu a interdição imediata do local. “Não podemos mais suportar essa situação. Nós somos obrigados a inalar fumaça e conviver com o mau cheiro. Isso é um desrespeito” São décadas de uso do terreno para descarte irregular de lixo.
Para a moradora Lídia Rodrigues, a situação chegou a um ponto inadmissível. “É um sofrimento muito grande para a comunidade.” Ela pediu soluções práticas e rápidas para o problema. “Quem não convive com isso diariamente não sabe como é.” E completou: “Vamos continuar correndo riscos?”.
AUDIÊNCIA PÚBLICA – O encontro foi conduzido pelos promotores de Justiça Susy Mara de Oliveira e Robertson Fonseca de Azevedo. Teve a participação do procurador do Trabalho Fábio Aurélio da Silva Alcure, que falou sobre a importância dos catadores de lixo e sugeriu a formação de uma cooperativa ou associação para eles.
Alcure informou que o lançamento de resíduos ou rejeitos a céu aberto, sem os devidos tratamentos, é proibido. Significa que o “lixão” da Vila Operária funciona de maneira irregular. Ele incentivou os moradores a seguirem firmes na luta por uma solução: “Não é porque não deu certo até agora, que não vai dar certo daqui para frente”.
Robertson Fonseca de Azevedo voltou a afirmar que o objetivo não é adotar medidas punitivas, mas buscar caminhos para resolver a situação de forma rápida e eficiente. No entanto, caso seja necessário, a Prefeitura de Paranavaí poderá ser responsabilizada pelo problema.
Susy Mara de Oliveira manifestou preocupação. “Nunca vi um volume de lixo tão grande quanto agora.” Ela falou dos riscos de contaminação ambiental, das questões ligadas à saúde pública e da precariedade em que se encontram as pessoas que fazem a separação de resíduos no local.
PROPOSTAS – Ao longo da audiência pública, algumas propostas foram apresentadas com o objetivo de eliminar o “lixão” da Vila Operária. Além da interdição sugerida por um morador, surgiram questões como a construção de um muro para impedir o descarte de resíduos.
O secretário Kulevicz disse que uma das ideias a serem concretizadas em breve inclui a instalação de novos alambrados, com cerca viva, a construção de calçadas ecológicas e a implantação de um sistema de monitoramento. “O projeto já está pronto.”
O promotor Francisco Ilídio Hernandes Lopes explicou que a interdição dificulta novos descartes de lixo, mas não elimina os resíduos que estão no terreno. “O problema continuaria.” Por isso, destacou, “a discussão precisa ser para buscar uma solução definitiva”.
O procurador da República do Ministério Público Federal Henrique Gentil salientou que a construção de um muro para cercar o local também não poria fim à prática irregular. Ele insistiu que a solução deve ser consensual, partindo de conversas entre a comunidade e o poder público.
ORGANIZAÇÃO POPULAR – Uma comissão de moradores da Vila Operária deverá ser formada para representar o bairro em futuras negociações com a Administração Municipal. A ideia é que o grupo apresente propostas e responda pelos anseios da população.