Londres terá marmita a adeptos do Ramadã

LONDRES, REINO UNIDO (Folhapress) – Comida nas arenas de competição, marmitas, carnes certificadas e restaurantes abertos até mais tarde são a esperança de mais de 3.000 atletas muçulmanos que podem ter de conciliar a disputa dos Jogos de Londres, que começam no dia 27, com o jejum do Ramadã, o mês sagrado do calendário islâmico.

A partir de amanhã e durante um mês, os muçulmanos não se alimentam do nascer ao pôr do sol. E não podem nem beber água durante o período, que consideram sagrado.

Para minimizar os efeitos do jejum nos corpos dos atletas que estarão na Olimpíada, a organização dos Jogos de Londres flexibilizou o horário do restaurante da Vila Olímpica, que ficará aberto durante a madrugada.

Também preparou opções para que os competidores muçulmanos possam quebrar o jejum nas arenas.

Na próxima sexta-feira, dia da cerimônia de abertura, por exemplo, o sol deve se pôr por volta das 20h50 de Londres. O evento no Estádio Olímpico está marcado para começar às 21h (17h de Brasília).

Nos Jogos da Juventude de 2010, em Cingapura, o Comitê Olímpico Internacional já havia testado esse esquema.

O Mundial de atletismo da Coreia do Sul, em 2011,  também foi realizado durante o período do Ramadã.

Em grandes competições, alguns atletas, por decisão pessoal ou de suas equipes, não seguem o jejum à risca.

"Estamos providenciando uma gama completa de opções para quando eles precisarem quebrar o jejum", declarou Jackie Brock-Doyle, diretora de comunicação do Locog, o Comitê Organizador dos Jogos de Londres.

A cozinha da Vila Olímpica também tem à disposição dos esportistas comida halal. Carnes de vaca e de frango possuem um certificado que atesta que os animais foram abatidos de acordo com os preceitos islâmicos.

O Comitê Olímpico Internacional foi criticado por comitês muçulmanos por programar os Jogos de Londres para o período do Ramadã.

A entidade, no entanto, argumentou que as datas das Olimpíadas não podem ser definidas com base em questões religiosas.

O calendário de disputas já chegou a afetar as performances de atletas consagrados, que preferiram respeitar suas crenças religiosas a participar de competições.

O saltador britânico Jonathan Edwards, cristão, não competia aos domingos. Por causa disso, ele não participou do Mundial de 1991, em Tóquio, no Japão.

Dois anos depois, porém, ele relaxou suas próprias regras e conquistou a medalha de bronze no salto triplo.

Para tentar minimizar problemas relativos a religiões durante os Jogos Olímpicos, o comitê organizador de Londres-12 instituiu o Grupo de Referência Multirreligiosa, formado há quatro anos.

Representantes de dez crenças participaram de reuniões regulares para discutir questões como voluntariado, alimentação, uniformes, segurança, emissão de ingressos e serviços religiosos.

Durante os Jogos, 193 líderes religiosos trabalharão na capital britânica. Eles foram escolhidos pelo programa de voluntários da Olimpíada.