Lorenzetti se posiciona contra criação de novos municípios
“Nossos deputados federais continuam indo na contramão. Neste momento em que tanto se fala na necessidade de usar os escassos recursos públicos com muita parcimônia, eis que o plenário da Casa trabalha para facilitar a criação de novos municípios”.
A opinião é do ex-prefeito de Paranavaí, Rogério Lorenzetti (PSD), e foi manifestada ontem ao comentar a aprovação, na semana passada, do regime de urgência para o projeto de lei que regulamenta a criação de novos municípios. “Com certeza, este não é um assunto que mereça urgência neste momento”, disse ele.
“A criação de novos municípios significa dividir ainda mais o bolo que já é insuficiente”, acrescentou o ex-prefeito, referindo-se ao Fundo de Participação dos Municípios, de onde sai os recursos do Governo Federal para as prefeituras. “Se temos mais municípios temos que dividir em mais partes”, adverte ele.
Pré-candidato a deputado federal, Lorenzetti aponta uma outra questão: os municípios que eventualmente perderiam seus distritos não vão reduzir o número de funcionários, “mas os novos terão que contratar servidores e ainda ter prefeito, secretários municipais, outros cargos comissionados e vereadores. Tudo isto custa dinheiro”, disse ele.
Ao comentar o assunto, o ex-prefeito de Paranavaí voltou a lamentar a distância que existe entre a Câmara Federal e a população e a tendência dos parlamentares em votar “não pelo correto, mas o que tem apelo popular”.
Se aprovado o projeto de Lei que tramita na Câmara, poderão ser criados cerca de 400 novos municípios. Segundo Lorenzetti, todos ficam “indignados” com este tipo de projeto de lei que aumenta as despesas públicas, mas os deputados votam “de olho nas galerias” e “não de forma responsável”.
Durante a votação do pedido de regime de urgência, “líderes emancipacionistas” do Brasil ocuparam as galerias. Um deputado do Maranhão chegou a dizer que mais de cinco ônibus transportaram os interessados na aprovação da lei.
No Maranhão, estado em que 63,5% da população é pobre (maior contingente entre os demais estados), seriam criados mais de 30 municípios se o projeto de lei for aprovado.