Loucura!
Por Maria Rosa Rigoni Fialho*
O que é loucura para você?
Acho que tem a ver com aquilo que disseram Dinho Ouro Preto (vocalista da banda Capital Inicial) e Alvin L (músico e compositor): “O que você faz quando ninguém te vê fazendo, ou o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?”. A loucura está em todos nós.
O que é normal ou patológico é modificado social e historicamente e o que é tido como desviante – louco! – é o que foge à norma social de uma determinada cultura em um determinado momento.
Mas, essa tal loucura “pira-pira-piradinha”, cantada na música de Gabriel Valim e reconhecida na população, está em mim e também em você. E pode haver momentos em que ela domina mais ou menos a nossa forma de agir no mundo, de acordo com o contexto social vivenciado.
Pode haver momentos, entretanto, em que gere dor demasiadamente grande… Uma ruptura. Algo que somente o acolhimento protegido, com amor e carinho pode fazer a pessoa a se reencontrar.
Internar? Pode ser necessário sim!
Mas de qual internamento estamos falando? Em hospital psiquiátrico? Isso é tratamento?
Não é essa forma de “tratamento” que queremos. Lutamos pelo fim dos hospitais psiquiátricos e pela implantação de leitos nos hospitais gerais, aqueles que a gente procura quando precisa cuidar mais de perto de uma enfermidade qualquer.
A cabeça não fica separada do restante do nosso corpo, por isso, o tratamento precisa olhar o ser humano como um todo. O adoecimento mental precisa ter espaço de tratamento como qualquer outro adoecimento.
Se eu enlouquecer…
Se alguém que amo enlouquecer…
Se você ou qualquer ser humano enlouquecer…
Nós merecemos um tratamento humano, digno e em liberdade.
A luta persiste!
18 de maio, dia Nacional da Luta Antimanicomial.
*Maria Rosa Rigoni Fialho é psicóloga (CRP 08/15144), com especialização em Psicoterapia Psicanalítica Contemporânea e pós-graduada em Psicanálise: Teoria Crítica.