Lula sofre uma “caça constante” no país, critica Jaques Wagner
Segundo o ministro, o antecessor da presidente Dilma Rousseff tem sido alvo de "ataques sistemáticos", em uma caça que, segundo ele, deveria ser feita a "bandidos", não a uma "liderança nacional".
"É uma caça a uma liderança nacional. Poderia ser uma caça aos bandidos, mas nesse caso é uma caça praticamente constante", disse.
Em encontro na sexta-feira (12) com o petista, a presidente Dilma Rousseff concordou em fazer uma defesa pública de seu antecessor, mantendo o tom solidário adotado por ela desde o início das revelações sobre as suspeitas contra o petista.
A ideia é criticar os vazamentos seletivos e a condução das investigações, mas ressaltando que ninguém está acima da lei. No sábado (13), Dilma declarou que Lula é vítima de injustiça.
O receio é de que, ao fazer um forte desagravo público ao petista, a presidente leve para dentro do Palácio do Planalto a crise enfrentada por seu antecessor e seja criticada por assumir um discurso partidário em um cargo institucional.
A avaliação de ministros e auxiliares dela é de que as acusações contra Lula podem agravar a atual crise política e impactar inclusive o índice de aprovação da presidente, que chegou a 12% segundo a última pesquisa Datafolha.
Na reunião, os dois também discutiram sobre o cenário econômico e o petista teria se comprometido a ajudá-la a diminuir a resistência no PT e nos movimentos sociais à reforma previdenciária.
Em meio às suspeitas, Lula estuda "o momento certo" de se pronunciar, podendo inclusive conceder uma entrevista. A defesa e os aliados dele criticam as investigações da Polícia Federal e a acusam de tentar "criminalizá-lo".
PT evita falar de defesa de Lula em reunião de conselho político
Horas depois de divulgar uma nota afirmando que a "escalada de ataques ao companheiro Lula" seria um dos temas "prioritários" da reunião de ontem, realizada entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o conselho político do PT, o presidente da sigla, Rui Falcão, recuou em relação à pauta.
"Não tratamos desse assunto", disse ele em coletiva de imprensa após o encontro petista.
Falcão afirmou que na reunião, que durou cerca de quatro horas e teve a presença de nomes de peso do partido, como o prefeito Fernando Haddad, além de três governadores do PT, foram discutidas a "conjuntura política do Brasil, questões econômicas e as relações do Estado democrático de Direito".
Mais uma vez uma vez, o presidente do PT afirmou que as denúncias envolvendo Lula são "infundadas".
"As pessoas têm que provar que são inocentes. Embora o sítio esteja em nome de outra pessoa, o presidente Lula tem que provar que não é dele. É uma inversão de valores", disse.
Segundo investigações do Ministério Público paulista, o sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, que é frequentado pelo ex-presidente e sua família teve reformas pagas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, investigadas pela Operação Lava Jato.
Acuados, a maioria dos petistas que participaram do encontro evitaram sair pela entrada principal, onde estava a imprensa, e boa parte se negou a comentar o conteúdo da reunião.
Rafael Marques, presidente do sindicado dos metalúrgicos do ABC, saiu com um livro do jornalista Paulo Moreira Leite sobre a Lava Jato, mas negou que a operação e as denúncias tenha sido debatidas. "O Lula veio contribuir como partido."
PLANO NACIONAL DE EMERGÊNCIA – Outro tema em debate foi um Plano Nacional de Emergência para retornar o crescimento do país com saídas que fogem da agenda neoliberal. Entre as propostas do documento está a convocação de uma Conferência Nacional de Política Econômica.
Questionado sobre a reforma da previdência do governo, Falcão afirmou que o PT sugere que "há outras questões para se tratar no país", mas enfatizou que o "foro legítimo para discutir o assunto é o criado pelo próprio governo".