Luz elétrica garante qualidade de vida na área rural
A cidade faz divisa com o Estado de São Paulo e a comunidade São João, que recebeu energia elétrica no mês passado, fica a 10 km distante do município Barra do Turvo (SP). Com isso, o Paraná atinge a universalização da luz elétrica, levando energia para 100% da área urbana e mais de 99% da área rural de todos os municípios do Estado.
“A Copel vive um grande momento de sua história, com investimento recorde de R$ 8 bilhões em quatro anos, melhorando a qualidade do fornecimento de energia em todo o Estado e levando a rede elétrica a todas as localidades isoladas em áreas rurais”, disse o governador Beto Richa.
Mais que conforto, a luz elétrica permite acesso à informação e equipamentos como geladeira e freezer para conservar a base da economia de uma comunidade rural: a agricultura. Para chegar à comunidade São João, é preciso passar por uma ponte suspensa e caminhar cerca de meia hora por um vale, ao lado do rio, ladeado por morros verdejantes.
A primeira casa é do seu Antonio Camargo dos Santos, 72, e só aparece após a subida e a descida de alguns morros. No local, onde não passa carro, a distância não é medida em quilômetros, mas em horas de caminhada ou em horas sobre o lombo de um burro.
O povo, que parece se esconder em casinhas de madeira ou de barro que ficam atrás das árvores, tem orgulho de ser quilombola e de viver com tranquilidade. Seu Antonio é casado com a dona Celine Rodrigues de Andrade Santos, 65.
“A gente, que nasceu na roça, que cresceu aqui, quer ficar aqui", conta Antonio. "Agora, com a luz, é uma bênção, é só ir melhorando". Ele cresceu na comunidade e, em 1964, foi para a cidade trabalhar, para poder dar estudo aos filhos.
Em 2003, voltou para a comunidade de São João, e desde então luta para ter energia em casa. Além da iluminação, eles já contam com um aparelho de rádio ligado na tomada. As próximas aquisições que pretende fazer são geladeira e chuveiro.
“A partir da energia, a população tem conforto, acesso à informação, novas oportunidades e podem desenvolver atividades antes impossíveis, até mesmo para aumentar a sua renda. A energia aumenta qualidade de vida e cidadania”, destacou o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer.
PERMANECER NA ORIGEM – O sentimento de permanecer no local onde nasceu é compartilhado por Atair Farias da Mota, 45, que vive na Comunidade de São João há 20 anos. O agricultor mora a 45 minutos de caminhada do início da comunidade e conta que a luz elétrica era o que mais fazia falta.
“Agora o lampião tá encostado e aposentado”, conta. Ele vive numa casa de barro, com teto de sapê, construído por ele mesmo, e gosta muito do silêncio da noite onde vive. "Só se escuta o barulho do rio e de uma coruja, que às vezes vem nos visitar".
Atair ainda não comprou geladeira nem chuveiro, mas na casa dele vai ter Copa com a compra de uma TV, que fez a alegria dos filhos de 14 e 21 anos de idade.
O grande salto na eletrificação rural no Estado foi dado a partir de dezembro de 1983, quando o então governador José Richa lançou o programa Clic Rural. Na época, o Paraná possuía 96 mil propriedades rurais eletrificadas, 21% do total de 454 mil existentes. O Clic Rural levou energia elétrica a 123 mil famílias rurais.
Reconhecimento à Copel
Gabriel da Mota Santos, 43, demonstrou a alegria da chegada da luz elétrica apelidando o funcionário da Copel, Dalton Buchner, fiscal que acompanhou a construção da rede. “Esse é o Dalton da Luz”, disse Gabriel reconhecendo o trabalho. “Foi ele quem trouxe a luz para nós”. Gabriel já pensa em comprar uma geladeira, chuveiro e televisão. Ele vive a uma hora e meia do início da comunidade, em lombo de burro.
De 2011 a 2014, a Copel intensificou a eletrificação rural, com 24.226 novas ligações no campo, construção de 3.379 km de rede e investimento de R$ 80 milhões na eletrificação rural. Em Adrianópolis, foram beneficiadas 107 famílias da comunidade de Córrego Franco, 27 de São João e 29 de Três Canais.
O presidente da Associação da Comunidade Córrego Franco, Nilton Morato dos Santos, garante que a energia era esperada há muitos anos pela população local. “A rede antiga, administrada pelo Estado de São Paulo, era de apenas 83 watts de potência. Quando ligávamos o chuveiro, a rede caía e não dava para tomar banho quente”, conta. “Agora temos como preservar os alimentos que plantamos”, completou. Os pedidos das comunidades de Adrianópolis para o atendimento da energia elétrica começaram em 2005.
Para levar eletricidade a essas comunidades do Vale do Ribeira, a Copel construiu 44 km de rede de distribuição com materiais poliméricos e isolados, que diminuem o impacto à vegetação. Ainda neste ano, a Copel vai concluir a construção de mais 20 km de rede para ligar 20 famílias das comunidades Estreitinho e Pimentas, também em Adrianópolis. Além dessas comunidades, a Companhia levou energia à comunidade de Areia Branca através do atendimento fotovoltaico.