Mais Educação supera expectativas do governo federal em número de inscrições
A expectativa do MEC é que o programa alcance seis milhões de estudantes do ensino fundamental e médio na jornada ampliada. Até o ano que vem, serão 60 mil escolas no país. Só este ano, foi investido R$ 1,8 bilhão na iniciativa. No Paraná, 1.461 escolas se inscreveram no programa.
O Mais Educação, conhecido como “escola em tempo integral”, possibilita que estudantes do ensino infantil e fundamental de colégios públicos, municipais e estaduais, realizem atividades no contraturno dos estudos. São atividades complementares com ações ligadas ao acompanhamento pedagógico, esporte, lazer, cultura e artes, ciência e tecnologia, meio ambiente, direitos humanos, prevenção e promoção da saúde, entre outros.
Para atender todas essas atividades, o governo federal disponibiliza recursos via Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)- Educação Integral para ressarcimento de despesas de alimentação e transporte dos monitores responsáveis pelo desenvolvimento de atividades, a aquisição de materiais, serviços entre outros.
Os resultados da educação integral já são visíveis. A diretora de currículos e educação integral do MEC, Jaqueline Moll, realizou um estudo que mostra a melhora de aprendizado nos colégios que começaram a aderir ao programa. Jaqueline cruzou dados do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) de 2009 e 2011 nas escolas que participaram.
De acordo com a pesquisa, houve uma redução da evasão escolar e melhoria do aprendizado de disciplinas como língua portuguesa e matemática.
“O estudante passa a permanecer na escola, ao mesmo tempo em que ele tem a oportunidade de rever o programa das aulas, consultar outras referências, praticar diferentes exercícios, realizar leituras individuais e coletivas, ampliar o acesso a livros”, explica Jaqueline.
O estudante passa a conviver com outros ritos de vivências culturais, como teatro, artes marciais, entre outras atividades. “Essas outras oportunidades educativas oferecidas pelo maior tempo escolar que os indicadores nos apresentam se refletem no aumento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das escolas e na melhoria do aprendizado”, completa.
Paraná
Exemplo de melhora na educação são os alunos do Colégio de Ensino Fundamental Irati, em Curitiba. Desde o ano passado o colégio passou a integrar o programa Mais Educação, com uma unidade específica para oferecer atividades de contraturno. De acordo com a coordenadora da escola, Marisa Guimarães, os alunos que realizam estas atividades só têm a ganhar. “O aluno que mal escutava, falava, agora representa, fala com colegas, é capaz de representar uma história. O aluno cresce desde o físico até intelectual. […] Esse crescimento é maravilhoso e isso vai refletir na sala de aula”, afirma.
O colégio já recebeu R$ 44 mil em recursos do governo federal para investimentos nas atividades. A previsão é receber um total de R$ 59 mil. “Não é um dinheiro que foi tirado da verba da escola. Este valor é tão apto que estamos dando risada à toa”, brinca Marisa. Para o deputado estadual Professor Lemos (PT), o programa também é importante para comunidade carentes e para os pais que precisam trabalhar e não tem onde deixar seus filhos com segurança e qualidade de educação.
“É um programa importantíssimo especialmente para as comunidades que mais precisam. A família que pode pagar um turno contrário leva a criança para o teatro, dança, música, esporte […], agora as famílias que não podem pagar precisam exatamente da escola pública ofertando tempo integral e recepcionando estas crianças na escola pra que possam ter formação plena pelo lúdico e espaço pra cultura, esporte e teatro também”, pondera o deputado.
COOPERAÇÃO – Algumas regiões ainda sofrem com a falta de estrutura e pessoal, mesmo estando aptas a participar do programa. É o caso do município Doutor Ulysses, região metropolitana da capital paranaense. A cidade tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Paraná, segundo o Altas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Em Doutor Ulysses duas escolas estaduais estão na lista para participar do Mais Educação: Salto Grande do Turvo e Tancredo de A. Neves.
A diretora do colégio Salto Grande, Gisele Cássia, que fica no meio rural, revela que a situação é complicada: falta material, pessoal e também transporte disponível em outros turnos para levar os alunos até em casa. “O programa é muito interessante, mas ainda não temos condições de implementar. A prefeitura já está fazendo o que pode e futuramente, esperamos fazer parte do Mais Educação”, revela.
Por isso, para que o programa seja implantado com sucesso no Paraná e em outros estados, um fator fundamental é a cooperação entre estado e municípios. “O estado precisa dotar as escolas de rede estadual de condições mínimas para receber o programa. Estamos pressionando a Comissão de Educação da Assembleia e o governo do estado para que possam fazer as escolas estaduais nas cidades dar as condições para receber o programa”, afirma Lemos. (Da Agência Notícias PR)