Mais empatia, por favor

REINALDO SILVA*

O que é empatia? De uma forma bastante simples e compreensível, poderia dizer que é a capacidade de se imaginar na situação vivida por outra pessoa e compreender o que ela sente ou a forma como reage. Não é algo tão difícil de ser feito, mas requer um pouco de prática.
Talvez, com tantos privilégios que acumulamos ao longo da vida, seja difícil notar o quanto há de preconceito e discriminação ao nosso redor. Talvez, depreciar e oprimir sejam hábitos que incorporamos sem mesmo perceber. Reproduzimos. Espalhamos. E tornamos tudo comum.
É difícil para um homem entender o que as mulheres sentem quando andam pelas ruas e ouvem comentários sobre a roupa que vestem ou sobre o formato do corpo. A vergonha, a humilhação, o medo de serem violentadas.
Também é difícil para uma pessoa branca sentir o peso da marginalização que negros e indígenas sofreram ao longo de anos. Vendidos, escravizados, dizimados. Até hoje são tratados como inferiores por causa da cor da pele ou do cabelo.
Uma jovem que frequenta academia diariamente para manter o corpo dentro dos padrões de beleza vigentes teria dificuldades para perceber o sofrimento de quem está acima do peso e tem de lidar com os comentários nada divertidos sobre tamanho da roupa ou balança.
O heterossexual não poderia saber como é ter receio de se relacionar com pessoas do mesmo gênero, o que é ser agredido por ser transexual ou travesti, o que é sofrer estupro corretivo para deixar de ser lésbica.
Não significa, no entanto, que não possa haver empatia. Não é necessário sofrer para perceber que há pessoas sofrendo. A opressão, a perseguição e a violência podem estar sendo praticadas bem pertinho de nós.
E o que podemos fazer para mudar essa realidade? O primeiro passo é sair da zona de conforto: olhar para as outras pessoas como iguais, ainda que haja diferenças, rever conceitos, desconstruir preconceitos, vencer limitações.
Para ter empatia, basta prestar atenção em quem está por perto. Basta entender que alguns têm privilégios e que aqueles que não os têm são inferiorizados. Basta defender quem passa por isso todos os dias. Basta ser humano.

*Reinaldo Silva é jornalista do Diário do Noroeste, especialista em Comunicação, Educação e Artes