Manifestantes contam experiência que viveram em Curitiba

“Foi um sentimento de impotência perante a intolerância e a truculência do Governo do Estado”. Assim Nivaldo Rocha, diretor da APP-Sindicato de Paranavaí, definiu o que os servidores públicos vivenciaram na última quarta-feira, em Curitiba, enquanto pediam pela retirada do Projeto de Lei 252/2005, que estava em votação na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
A manifestação nos arredores do Centro Cívico da capital paranaense reuniu professores e funcionários de escolas estaduais e outras categorias do funcionalismo público, recebendo apoio da população. O que os participantes do protesto não vão esquecer foi a forma como a Polícia Militar agiu.
“Era um cenário de guerra. Não vai sair fácil da cabeça”, disse Israel de Moraes, vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) em Paranavaí. Ele esteve em Curitiba na quarta-feira e presenciou o que chamou de pancadaria.
Moraes afirmou que foi atingido por spray de pimenta. Viu colegas estudantes e professores feridos. “Os ânimos estavam exaltados, mas eles partiram para a violência”, contou, referindo-se aos policiais. “Nada justifica a ação. Tinha crianças e idosos entre os manifestantes”.
O vice-presidente do DCE da Unespar em Paranavaí relatou que além do spray de pimenta, teve tiro com bala de borracha e bomba de efeito moral. “Eles estavam com um helicóptero sobrevoando o povo e lançando bombas de gás”, relatou Moraes.
Na opinião do diretor da APP-Sindicato Nivaldo Rocha, a situação fugiu ao controle, por isso, a entidade sindical irá processar criminalmente o governador Beto Richa; o secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Francischini; e o presidente da Alep, Ademar Traiano.
PL 252/2015 – Em linhas gerais, o Projeto de Lei aprovado na Alep na quarta-feira garante que mais de 33.500 beneficiários sejam transferidos do Fundo Financeiro (custeado pelo Tesouro Estadual) para o Fundo Previdenciário (constituído pela contribuição dos servidores estaduais).
A aprovação da proposta, segundo o Governo do Estado, vai garantir uma economia de R$ 125 milhões por mês, com o pagamento de benefícios previdenciários. Além disso, o Fundo Previdenciário voltará a ter aporte governamental – de R$ 1 bilhão – em 2021.
Para os professores e demais servidores públicos, a aprovação representa perda de benefícios e direitos. Por isso, as organizações sindicais pedirão a revogação da nova lei.