Manifestantes fazem motorista refém durante reintegração de posse

RIO DE JANEIRO – Um motorista de caminhão da Secretaria Municipal de Conservação do Rio foi mantido refém por manifestantes que estavam munidos com paus, pedras e ferros, na manhã de ontem, durante reintegração de posse de uma favela no Engenho Novo, zona norte do Rio. A ocupação ocorreu há duas semanas no terreno da antiga Telerj, atual Oi.
Pelo menos cinco ônibus foram depredados, alguns deles incendiados. Um carro da TV Record e um do SBT foram apedrejados. Um PM foi ferido em confronto.
Bombas de gás lacrimogêneo são arremessadas a todo momento na favela enquanto manifestantes revidam com pedradas e paus. O repórter do jornal "O Globo" Bruno Amorim foi detido pela PM e teve o celular quebrado quando tentava fazer imagem da confusão. A imprensa também é atacada por manifestantes com pedras e paus. Policiais alertam para o perigo de circular na região.
Cerca de 17 funcionários que estavam no caminhão da Secretaria de Conservação, que seguiam para a desocupação, foram obrigados a deixar o veículo. O funcionário Ailton Rodrigues de Freitas levou uma pedrada na cabeça e foi socorrido por um taxista que passava na região.
O motorista identificado apenas como Amilton foi arrastado pelos manifestantes do caminhão e mantido refém por volta das 8h30, na rua Álvaro de Azevedo. Após negociação com a polícia, ele foi liberado. O caminhão foi apedrejado e acabou abandonado na localidade.
"Era uma multidão atrás da gente. Todo mundo correndo. Por pouco não sou atingido. Teve trabalhador que tomou paulada", disse Hugo Leonardo Miguel, 31, servente da prefeitura.
"Era um exército em cima da gente. Tinha mais de mil pessoas. Levaram tudo, até nossas ferramentas", contou Luís Paulo Paixão, 35, que estava no caminhão atacado.
"Tiraram o motorista à força do caminhão e mantiveram ele refém. Um colega saiu ensanguentado porque foi atingido uma pedra arremessada por um manifestante", disse Claudecir Motta, 56, chefe de serviço.