Mapa mostra laços de poder entre conselhos de companhias

SÃO PAULO – As 141 maiores empresas, fundos de pensão e grupos econômicos do Brasil compartilham integrantes de conselhos de administração, mostra um levantamento feito pela ONG Repórter Brasil.
Quem listou os nomes dos conselheiros foi a ONG Repórter Brasil. Eles lançaram um site interativo chamado "Eles Mandam" (reporterbrasil.org.br/elesmandam). "É um mapa que conecta quem são e como se relacionam os que mandam na economia: são os conselheiros que escolhem executivos, definem metas e áreas de atuação [das organizações]", diz o coordenador Leonardo Sakamoto.
É como o jogo dos graus de separação (veja quadro acima), levando em conta que cada conexão é a presença de uma pessoa em comum no conselho, formando vários conjuntos.
Além do mapa, a ONG apontou a baixa presença de mulheres e a pequena representatividade de trabalhadores nos conselhos.
Essa noção de que deve haver funcionários nos conselhos não é compartilhada pelo professor do Insper Sérgio Lazzarini. Para ele, pode haver conflito de interesses.
Lazzarini é autor do livro "Capitalismo de Laços", em que aponta o aumento da participação acionária cruzada entre grupos econômicos.
Ele diz que o padrão é o mesmo em países ricos.
O professor lista vantagens e desvantagens. Entre as primeiras: um bom conselheiro espalha boas práticas empresariais. O lado ruim é que uma pessoa em muitos conselhos não consegue dar a atenção devida.
Lazzarini diz que o entrelaçamento de conselhos e de controle acionário tem aumentado. Nos recentes consórcios que venceram licitações para gerenciar rodovias e aeroportos é comum a convivência de múltiplos grupos, incluindo o BNDES e fundos de pensão, aponta.