Marcha do MST na Praça dos Três Poderes tem confronto entre PMs e militantes

BRASÍLIA – Uma confusão entre policiais militares (PMs) e militantes marcou a marcha de 15 mil manifestantes ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) na Praça dos Três Poderes, ontem à tarde. Um jovem do MST ficou ferido na cabeça e foi socorrido pelos bombeiros.
Os manifestantes reivindicam a ampliação da política de reforma agrária do governo federal. Eles participam do 6º Congresso Nacional do MST, que celebra os 30 anos do movimento.
Depois de passarem pela Praça dos Três Poderes, os manifestantes seguiram em marcha em direção ao local do encontro, próximo ao Estádio Nacional Mané Garrincha.
Os principais objetivos do congresso do MST são discutir e fazer um balanço crítico da atual situação do movimento, traçar novas formas de luta pela terra, pela Reforma Agrária e por transformações sociais.
Outro jovem foi detido por policiais em frente ao Palácio do Planalto e foi para a 1ª Delegacia de Polícia, de acordo com o deputado Padre João (PT-MG), que acompanhou a marcha.
O parlamentar criticou a ação policial. A polícia chegou a usar gás lacrimogênio para revidar manifestantes que atiravam pedaços de madeira. Segundo os manifestantes, o incidente foi o único problema ocorrido nos mais de cinco quilômetros de caminhada.
A entrada do Planalto foi isolada com barricadas de ferro colocadas na praça dos Três Poderes. Ao se depararem com o isolamento, os manifestantes do MST derrubaram as barreiras e seguiram em direção ao Planalto, sendo contidos pela PM.
Teve então início um confronto. A PM usou spray de pimenta e armas de taser, enquanto os sem-terra jogaram pedras e paus.
A confusão inicial durou menos de cinco minutos, mas houve princípio de tumulto por ao menos duas outras vezes. Líderes dos sem-terra negociaram com a PM para ficar dentro da praça, sem passar para a parte do asfalto que dá acesso ao Planalto.
O MST entregou uma uma carta com reivindicações ao ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que prometeu que os sem-terra serão recebidos pela presidente Dilma, hoje.
Entre as reivindicações estão a retomadas das desapropriações de terras para reforma agrária e a melhoria da infraestrutura dos assentamentos. Durante o 6º Congresso do MST, o governo federal tem sido criticado pela diminuição do ritmo da reforma agrária.
Um dos integrantes do MST nacional, Jaime Amorim, afirmou que não houve intenção de enfrentamento com a PM. "Quando o governo não faz reforma agrária é isso que acontece, cria conflitos", disse.
Mais cedo, também houve confusão quando a marcha passava em frente à embaixada dos Estados Unidos. Manifestantes e PMs iniciaram um confronto, mas a confusão foi contida.

Sessão do Supremo Tribunal Federal foi suspensa
A sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) foi suspensa após integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) tentarem invadir o edifício. Reunidos na Praça dos Três Poderes, os manifestantes chegaram a derrubar as grades que protegem o Supremo, mas foram contidos pela PM e por seguranças da corte.
A sessão foi suspensa por volta das 16h10 e retomada às 17h. A decisão de paralisar os trabalhos foi tomada pelo ministro Ricardo Lewandowski logo após ser avisado pela segurança da Casa que havia risco de invasão.
Apesar de não estar no plenário na hora da tentativa de invasão, o presidente Joaquim Barbosa estava no STF despachando casos relativos à presidência em seu gabinete.