MATÉRIA QUE NUNCA QUERIA FAZER

Chicão Soares*

Em 50 anos de profissão, coube-me fazer matérias das mais diversificadas, muitas vezes de aspecto positivo, muitas vezes de sentido negativo, mas todas elas cumprindo o exigido pelas funções do jornalismo.
Mesmo contra a vontade, lá estava eu botando no papel algo de bom ou algo de mal. No entanto, matéria inteiramente contra minha vontade, como a que hoje elaboro e assino, acabou ficando a meu cargo. É, justamente, a que envolve o meu adeus ao colega, patrão e amigo Euclides Bogoni, tão injustamente roubado de nós por força do destino, através de doença tão pouco condizente em se tratando de um ser forte, habitualmente sadio e amante da vida, como sempre foi aquele colega.
O que me resta é, então, relembrar aqui toda nossa convivência, que se iniciou em 1960, quando eu fundara um jornal em Nova Esperança e que era composto e impresso na oficina do Diário do Noroeste. Contato que se estendeu durante o longo tempo em que mudei-me para Paranavaí e passei a fazer parte da equipe de trabalho do Bogoni, um período de longa duração, com algumas interrupções, mas que se estende até hoje.
Sua partida, Bogoni, tão inesperada, deixa aberto um buraco que nunca será tapado, por mais boa vontade que seus herdeiros de profissão queiram, como certamente será o caso de sua filha Tânia.
Se houver alguma esperança nesse sentido, é o fato de as lições por você nos oferecidas terem sido tão grandes que facilitarão nossa missão de continuidade. Não vou estender-me mais nesta matéria, Bogoni.
O que não estará mais nela escrito, creia que estará bem guardado no meu coração, na minha eterna saudade e no meu agradecimento sem fim, por tudo o que de você recebi nestes longos anos de convivência.
ATÉ QUALQUER DIA.