Mercado de soja e milho favorece produtores brasileiros
MARINGÁ – No mês de julho, em que as exportações brasileiras de carne de frango alcançaram 463,1 mil toneladas (o maior fluxo mensal de embarques já registrado na história do setor, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA), a cidade de Maringá foi sede – entre os dias 24 e 26 – do IX Encontro Técnico Avícola, promovido pela Integra e o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).
Com 650 participantes, o evento apresentou uma extensa grade de palestras e debates de alto nível e uma feira com exposição de produtos e serviços.
MERCADO – Em uma das palestras, no dia 26, o especialista Étore Barone, da INTL FCStone, abordou as tendências do mercado de commodities agrícolas. Ele observou que se o tempo for favorável, o Brasil deve assumir já na safra 2018/19, que será semeada a partir do próximo mês, a dianteira na produção mundial de soja, ultrapassando os Estados Unidos. A previsão da consultoria é que, em condições normais de clima, o Brasil colha 120 milhões de toneladas, contra 117 dos EUA e 57 milhões da Argentina, terceiro maior produtor do grão.
Estudos meteorológicos apontam, de acordo com Barone, para um fenômeno climático El Niño de baixa intensidade, o que sinaliza para a ocorrência de chuvas em volumes praticamente normais nas regiões produtoras.
DESTINO – De toda a soja produzida no Brasil, 55% vão para exportação e 41% ficam no mercado interno para abastecer as indústrias e, desse último montante, metade é para alimentação animal.
DE OLHO NO CONFLITO – Barone disse que as divergências comerciais entre os Estados Unidos e a China podem beneficiar os produtores brasileiros. Com a taxação imposta pelo governo Trump à importação dos produtos da China e a retaliação do país asiático na mesma proporção, fica mais em conta para os chineses importarem soja do Brasil. Enquanto uma tonelada de soja americana custa 444 dólares, a brasileira sai por 400 dólares. “O momento é bom para o produtor brasileiro”, frisou o especialista. A expectativa dele é que a exportação vai ser acelerada o ano todo – primeiro por causa da quebra de 20 milhões de toneladas na Argentina e, agora, em razão da guerra comercial entre EUA e China. “O produtor vendeu mais acelerado que no ano passado e deve começar a reduzir a fixação, aguardando preços melhores. Com prêmios e preços altos, pode acelerar a comercialização da safra 2018/19”.
GIGANTE ASIÁTICO – A China é, disparado, o maior consumidor de soja do planeta, com previsão de demandar 114 milhões de toneladas no ciclo 2018/19. O gigante asiático é também o maior esmagador (previsão de 96,5 milhões de toneladas) e o Brasil já supera de longe os Estados Unidos como maior exportador – foram 74,7 milhões de toneladas, contra 55,7 milhões dos norte-americanos.
MILHO – Em relação ao cereal, Barone comentou que a projeção para 2019 é de uma produção de 26 milhões de toneladas no verão e 65 milhões de toneladas no inverno, com consumo de 57 milhões de toneladas, exportação de 30 milhões de toneladas e um estoque inicial de 14 milhões
Segundo ele, o produtor está capitalizado e passou a segurar a venda quando o preço cai: “ele percebeu que ganha a luta contra a indústria”. Na opinião de Barone, os estoques ficarão longe e em março de 2019 os preços podem voltar a subir se o cultivo de verão não recuperar ao menos um milhão de hectares. Ele disse também que deve faltar milho até a entrada da safrinha de 2019, em razão da quebra de produção brasileira deste ano, fato esse que vai levar os compradores ao mercado.