Mercados sofreram um dos piores tombos dos últimos dois anos
No Brasil, o câmbio foi o principal afetado. Mesmo após intervenções do BC que somaram US$ 6 bilhões, o dólar subiu 3,42%, a maior alta desde setembro de 2011. A moeda foi a R$ 2,252, maior valor desde abril de 2009.
Desde que o Fed sinalizou pela primeira vez, em maio, que iria acabar com os estímulos nos próximos meses, foi ante o real que o dólar teve a maior valorização (10,7%) entre as principais moedas globais. O peso mexicano vem a seguir, com alta de 8,5% em 30 dias.
O FMI disse que já observa o movimento e que até agora avalia a atuação do BC brasileiro como pontual. "As reservas internacionais brasileiras são adequadas, se mantidos os padrões, para evitar tumulto no mercado", disse à Folha de S.Paulo um porta-voz do FMI.
A Bovespa acabou sendo o ponto fora da curva. Depois de chegar a ceder mais de 4% pela manhã, a Bolsa brasileira foi retomando o fôlego e fechou em alta de 0,67%.
Para Paulo Gala, estrategista da Fator corretora, a queda da Bolsa ao longo do dia deixou alguns papéis "excessivamente baratos", abrindo oportunidades de compra. "É difícil acertar o "timing" exato, mas quem estiver atento às oportunidades poderá fazer excelentes negócios".
O cenário, no entanto, permanece desafiador. Bruno Gonçalves, analista da WinTrade/Alpes Corretora, diz que, enquanto não for feito um ajuste nas contas externas, o país continuará vulnerável ao capital especulativo.
A alta da Bovespa contrasta com o dia das Bolsas globais. Os mercados asiáticos e europeus, que fecharam anteontem antes do discurso de Ben Bernanke (presidente do Fed), tiveram forte baixa.
Nos EUA, o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, recuou 2,34% e teve a maior queda em pontos desde novembro de 2011. A Bolsa mexicana caiu 3,91%.
A queda dos mercados é uma reação à declaração de Bernanke de que o Fed deve diminuir ainda neste ano o programa de estímulo, que prevê a compra de US$ 85 bilhões ao mês em títulos.
Para conter alta do dólar, BC usa US$ 6 bi
Em um dia em que investidores do mundo todo saíram de aplicações de risco, o Banco Central despejou quase US$ 6 bilhões no mercado para conter a depreciação do real.
A moeda americana bateu R$ 2,278, subindo mais de 4%. Após as intervenções do BC, o dólar perdeu força e fechou em R$ 2,252. Mesmo assim, foi o maior valor desde 28 de abril de 2009, em alta de 3,42% – a maior valorização desde 19 de setembro de 2011.
Primeiro, o BC fez um leilão de US$ 2,9 bilhões de contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Em seguida, ofereceu US$ 3 bilhões em linhas de crédito em dólar, em dois leilões.
O leilão de linhas de crédito foi bastante utilizado pela autoridade monetária para conter a alta do dólar quando estourou a crise financeira global de 2008.
"O mecanismo é usado para compensar a intensa compra de dólares", diz Alcides Leite, economista e professor da Trevisan Escola de Negócios.