Messi impõe liderança em plano traçado por Sabella em 2011

BELO HORIZONTE – A ideia de Alejandro Sabella foi repetir o que Carlos Bilardo fez na preparação para o Mundial do México, em 86. Dar a Lionel Messi uma braçadeira de capitão foi o primeiro passo do treinador para deixá-lo à vontade com a camisa da seleção. Passar a mensagem que ele é um exemplo a ser seguido pelos demais.
Tanto funcionou que, em entrevista antes do Mundial, Ángel Di María disse que "Messi lidera e nós o seguimos."
Em 1983, Carlos Bilardo ignorou a experiência e liderança natural de Daniel Passarella e nomeou Diego Maradona como capitão argentino. O camisa 10, que carregou nas costas um time apenas razoável, teve um dos melhores desempenhos individuais na história das Copas. A Argentina foi campeã.
Maradona era (e continua) sendo mais falastrão do que Messi. Tem mais personalidade. Messi não possui nenhuma frase memorável no currículo. Mas tem gols de sobra e quatro títulos de melhor do mundo. A intenção de Sabella é formar do seu principal jogador um capitão que comanda pelo exemplo.
"Passaram-se muitos anos. Você vai crescendo e amadurecendo dentro de campo. Tenho muitos amigos no elenco e me sinto muito bem. Creio que estou bem e contente", disse Messi em entrevista na segunda-feira.
O treinador teve tato para anunciar a mudança. O capitão anterior era Mascherano. A primeira viagem que fez, após ter sido escolhido pela AFA (Associação de Futebol Argentino), foi a Barcelona para conversar com os dois jogadores. Pediu para o volante ceder a braçadeira a Messi. O atacante precisou ser convencido da ideia. Inicialmente, não queria. Acabou cedendo.
A política de Sabella também é, com isso, confirmar a importância do principal nome do futebol nacional. Pode parecer óbvio, mas na Argentina, não é. Messi recebeu contundentes críticas pelo seu desempenho na equipe.
"Ele é o nosso símbolo, nosso termômetro. Um jogador extraordinário, que atua em um time extraordinário. Talvez o maior jogador da história", resumiu.
Aos 26 anos, Messi está mais maduro, como ele mesmo disse. Está em sua terceira Copa do Mundo. Mas mesmo criança, os treinadores usavam a estratégia de forçar sua liderança pelo talento. Nas categorias de base do Newell’s Old Boys isso já acontecia. Na época, ele era um garoto de 11 anos.

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