“Meu Deus! Essa é a nossa alternativa de poder”, diz ministro do STF sobre desembarque do PMDB
BRASÍLIA – Em meio à discussão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Congresso, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou ontem que o país enfrenta falta de alternativa na política e citou o PMDB, partido que desembarcou nesta semana do governo.
O ministro fez referência à foto de lideranças do PMDB que registrou o anúncio do rompimento e estampou a capa dos principais jornais do país. Estavam na imagem nomes como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Valdir Raupp (PMDB-RR), o ex-ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), entre outros.
"Quando, anteontem, o jornal exibia que o PMDB desembarcou do governo e mostrava as pessoas que erguiam as mãos, eu olhei e: Meu Deus do céu! Essa é a nossa alternativa de poder. Eu não vou fulanizar, mas quem viu a foto sabe do que estou falando", disse o ministro.
"O problema da política neste momento eu diria é a falta de alternativa. Não tem para onde correr. Isso é um desastre. Numa sociedade democrática, a política é um gênero de primeira necessidade. A política morreu. Talvez eu tenha exagerado, mas ela está gravemente enferma. É preciso mudar", completou.
AMBIENTE ACADÊMICO – Barroso conversava com Alunos da Fundação Lemann e, antes da declaração, deixou claro que falava como em um ambiente acadêmico, como se estivesse falando seus alunos.
O ministro não sabia que o evento estava sendo transmitido pelo sistema interno do Supremo e, após ser alertado, pediu para não gravar mais. Na conversa, o ministro defendeu a mudança no sistema eleitoral do país, que classificou de desastre.
"Temos um modelo político em que a eleição para a Câmara é feita em eleição por voto proporcional em lista aberta. É um desastre. Custa caríssimo porque todos os candidatos fazem campanha em todos os Estados", disse.
"Portanto o provimento das vagas é basicamente por transferência de votos dos partidos. Menos de 10% dos candidatos são eleitos com votação própria. Nesse sistema, o eleitor não sabe quem ele elegeu, porque 90% dos eleitos não foram eleitos com voto próprio. E o eleito não sabe quem o elegeu pela mesma razão. É um sistema em que o eleitor não tem de quem cobrar e o eleito não tem a quem prestar contas, não pode funcionar", reforçou.
MANHÃ CAUTELOSA – Na manhã de ontem, em uma palestra aberta em uma universidade de Brasília, o ministro defendeu cautela nos debates sobre impeachment.
"Nesse momento de paixões exacerbadas e de ânimos exaltados, um pouco de racionalidade, de doçura na hora de expressar o próprio ponto de vista nos fará muito bem. O Brasil está vivendo momento de excessiva aspereza. Claro que impeachment é um momento dramático em qualquer país do mundo seja qual for o resultado, mas não precisamos tornar isso pior", afirmou.
Para o ministro, "as pessoas deveriam debater ideias sem compulsão de desqualificar as opiniões dos outros. Não precisa dizer que quem pensa diferente é mal intencionado, está a serviço de causa escusa ou coisa pior. Um choque civilizatório no debate público brasileiro faria muito bem a todos".
Ele criticou o foro privilegiado no país e defendeu que seria melhor criar uma vara da Justiça Federal em Brasília para cuidar dos casos de autoridades, mantendo no Supremo apenas presidente, vice e presidentes da Câmara e do Senado.
"Foro amplo por prerrogativa de função é um desastre para o País e é um mal para o Supremo. O foro por prerrogativa de função deveria alcançar o presidente da República, o vice-presidente da República, os presidentes de poder e mais quase ninguém. É péssimo modelo. É péssimo o modelo brasileiro e ainda por cima estimula a fraude à jurisdição", disse.
O ministro fez referência à foto de lideranças do PMDB que registrou o anúncio do rompimento e estampou a capa dos principais jornais do país. Estavam na imagem nomes como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Valdir Raupp (PMDB-RR), o ex-ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), entre outros.
"Quando, anteontem, o jornal exibia que o PMDB desembarcou do governo e mostrava as pessoas que erguiam as mãos, eu olhei e: Meu Deus do céu! Essa é a nossa alternativa de poder. Eu não vou fulanizar, mas quem viu a foto sabe do que estou falando", disse o ministro.
"O problema da política neste momento eu diria é a falta de alternativa. Não tem para onde correr. Isso é um desastre. Numa sociedade democrática, a política é um gênero de primeira necessidade. A política morreu. Talvez eu tenha exagerado, mas ela está gravemente enferma. É preciso mudar", completou.
AMBIENTE ACADÊMICO – Barroso conversava com Alunos da Fundação Lemann e, antes da declaração, deixou claro que falava como em um ambiente acadêmico, como se estivesse falando seus alunos.
O ministro não sabia que o evento estava sendo transmitido pelo sistema interno do Supremo e, após ser alertado, pediu para não gravar mais. Na conversa, o ministro defendeu a mudança no sistema eleitoral do país, que classificou de desastre.
"Temos um modelo político em que a eleição para a Câmara é feita em eleição por voto proporcional em lista aberta. É um desastre. Custa caríssimo porque todos os candidatos fazem campanha em todos os Estados", disse.
"Portanto o provimento das vagas é basicamente por transferência de votos dos partidos. Menos de 10% dos candidatos são eleitos com votação própria. Nesse sistema, o eleitor não sabe quem ele elegeu, porque 90% dos eleitos não foram eleitos com voto próprio. E o eleito não sabe quem o elegeu pela mesma razão. É um sistema em que o eleitor não tem de quem cobrar e o eleito não tem a quem prestar contas, não pode funcionar", reforçou.
MANHÃ CAUTELOSA – Na manhã de ontem, em uma palestra aberta em uma universidade de Brasília, o ministro defendeu cautela nos debates sobre impeachment.
"Nesse momento de paixões exacerbadas e de ânimos exaltados, um pouco de racionalidade, de doçura na hora de expressar o próprio ponto de vista nos fará muito bem. O Brasil está vivendo momento de excessiva aspereza. Claro que impeachment é um momento dramático em qualquer país do mundo seja qual for o resultado, mas não precisamos tornar isso pior", afirmou.
Para o ministro, "as pessoas deveriam debater ideias sem compulsão de desqualificar as opiniões dos outros. Não precisa dizer que quem pensa diferente é mal intencionado, está a serviço de causa escusa ou coisa pior. Um choque civilizatório no debate público brasileiro faria muito bem a todos".
Ele criticou o foro privilegiado no país e defendeu que seria melhor criar uma vara da Justiça Federal em Brasília para cuidar dos casos de autoridades, mantendo no Supremo apenas presidente, vice e presidentes da Câmara e do Senado.
"Foro amplo por prerrogativa de função é um desastre para o País e é um mal para o Supremo. O foro por prerrogativa de função deveria alcançar o presidente da República, o vice-presidente da República, os presidentes de poder e mais quase ninguém. É péssimo modelo. É péssimo o modelo brasileiro e ainda por cima estimula a fraude à jurisdição", disse.