“MEU FILHO… ESSE TEU IRMÃO ESTAVA MORTO E VOLTOU A VIVER”

LC 15,11-32

O capítulo 15 é o coração do evangelho de Lucas. Revela o ser de Deus manifestado nas palavras e ações de Jesus. Jesus veio para reconduzir à casa do Pai os filhos desgarrados de Deus. Convida à sua mesa os publicanos, os pescadores, os marginalizados, os rejeitados, chama ao grande banquete as pessoas das ruas e praças. Lc 13,16-24. Essa atitude de Jesus provoca escândalo. Mas seguidamente Jesus dá razão dessa atitude em parábolas. Jesus fala “Deus é assim”: – Deus é Pai que abre a porta da casa ao filho pródigo; – Deus é o Pastor que se enche de alegria ao encontrar a ovelha perdida; – É o rei que convida à sua mesa pobres e mendigos. – Deus experimenta maior alegria por um só pecador que faz penitência do que por 99 justos. – É o Deus dos pequeninos e desesperados, cuja bondade e misericórdia não tem limites. Deus é assim.
E Jesus acrescenta quando for compreendida esta mensagem, quando os homens compreenderem que o amor do Pai sai ao encontro dos filhos perdidos, então a salvação deixará de ser uma meta distante.
Jesus busca nos convencer com diversas parábolas de que Deus Pai se alegra em perdoar: Lc 15,11-32; 15,1-10 Jesus revela nestas parábolas uma nova imagem de Deus que contrasta com a oferecida pela religião oficial.
Destaca-se nas três alegrias pelo encontro do que havia sido perdido: as ovelhas, a moeda, o filho.
O Deus de Jesus é como um pai inconseqüente em sua conduta que abraça e perdoa o filho rebelde quando este volta para casa depois de ter desbaratado sua parte da fortuna familiar, sem lhe exigir ao menos uma promessa de arrependimento e correção.
É o Deus “louco” que perdoa a mulher adúltera sem lhe exigir primeiro mil penitências, e promessas de emenda.
É o Deus contrário à religião oficial, pois não aceita o fariseu que leva uma vida de piedade, esmola e rezas, mas em compensação, declara salvo o desgraçado que cheio de vergonha e pecados, à distância, nem se atrevia a levantar os olhos, para o céu e repetia diante de Deus a lista de suas próprias misérias.
Lucas, o evangelista, certamente acompanhou Paulo em suas andanças missionárias na conversão dos pagãos. Os judeus longe de se alegrarem com esta adesão procuravam infernizar a vida dos missionários. O que falamos dos marginalizados que se aproximam de Jesus e isto, nos dão o gancho para entendermos a quem se dirige a parábola do Filho Pródigo.
O Pai: é Deus que manifesta seu amor na prática de Jesus.
O Filho mais velho: é Israel, os que se julgavam “irrepreensíveis”. Entre eles na primeira fila, estão os fariseus (separados) e os doutores da Lei (especializados no rigorismo da Lei e na sua aplicação).
O Filho mais novo: são os marginalizados, pecadores, cobradores de impostos e os pagãos convertidos.
O Filho mais velho que parecia tão bonzinho “Há tantos anos que sirvo” v.29. Mas a relação com o Pai é a de Patrão\Servo, até agora se comportou como um dos empregados. (v.22). Em relação ao irmão não aceita que o Pai o perdoe e não admite chamá-lo de irmão. Limita-se a dizer: “Esse teu Filho” (v.30)
O pai tenta suscitar a reconciliação: “MEU FILHO… ESSE TEU IRMÃO ESTAVA MORTO E VOLTOU A VIVER” (V.31-32).
A parábola não diz se o filho mais velho assumiu a reconciliação para “entrar em casa” ou se preferiu “ficar fora da festa”. A resposta é o Cristão quem, com sua prática em favor dos excluídos, deve dar.

Frei Filomeno dos Santos O. Carm.