Morre o pioneiro João Heidemann

Morreu anteontem à noite, na Santa Casa de Paranavaí, o pioneiro do Distrito de Graciosa, João Heidemann, 82 anos. O corpo foi velado na Chácara São Bernardo, onde morava o pioneiro, e sepultado à tarde, no cemitério do distrito.
Segundo informações dos amigos da Roda de Chimarrão, ele sofreu uma queda no dia 26 de dezembro e fraturou o fêmur. Ficou hospitalizado e passou por cirurgia. Teve alta e voltou para casa, porém, o estado de saúde se agravou, retornando ao hospital dois dias após.
Agricultor, João Heidemann esteve em Graciosa pela primeira vez no ano de 1952. Voltou com a família em 1955, onde se estabeleceu, fazendo história como produtor rural e liderança comunitária.
Ele se dedicou a várias atividades no campo, incluindo a suinocultura e a pecuária. Antes de se aposentar, trabalhou quase que exclusivamente na mandiocultura, inclusive na produção de farinha.
Paralelamente, se destacou como líder da comunidade, tanto na hora de fazer benfeitorias, quanto na cobrança às autoridades quando envolvia os interesses do distrito.
João Heidemann ajudou a fundar obras que são referências, incluindo o seminário e o Graciosa Clube de Tradições. Da mesma forma militou na Associação de Moradores e na Associação da Igreja por várias gestões (Era o leiloeiro das festas).  
Sobre o pioneiro, o amigo Mateus Hobold disse que vai guardar na lembrança a maneira otimista e alegre de enfrentar as dificuldades. Por mais difícil, recorda-se, Heidemann não se deixava abater e ainda conseguia incentivar os demais.
João Heidemann era casado com Olga Tollmeneir e teve cinco filhos: Dilma, Dionísio, Belmiro, Deolindo e Carlos Eduardo. Ele deixa ainda 12 netos e 11 bisnetos, informa Mateus Hobold, amigo da família.
LEMBRANÇA – Liderança incontestável na comunidade, João Heidemann sempre foi uma fonte de informação para o Diário do Noroeste, emprestando a sua liderança e experiência, concedendo entrevistas sobre os diversos assuntos de interesse coletivo.
Antes da final da Copa do Mundo, ano passado, ele falou sobre a paixão e torcida pela Seleção Brasileira, bem como da preferência pela Alemanha na final contra a Argentina. Justificativa: lá estavam as suas origens.  Foi a última entrevista ao DN.
Veja:
“O Diário do Noroeste foi até a casa de João Heidemann, 82 anos, e conversou com ele sobre a expectativa para a decisão. O pioneiro, que nasceu em Tubarão (SC) e chegou em Paranavaí em 1955, se mostrou entusiasmado com a sua “segunda” seleção.
“Durante toda a copa eu torci de corpo e alma pelo Brasil. Porém, agora como sofremos aquela derrota humilhante e ficamos fora da final, eu irei torcer pela Alemanha. Primeiro por causa de minhas origens e depois porque a Argentina não pode vencer uma Copa aqui em nossa casa”, brincou o pioneiro.
Heidemann falou que não há nada programado na comunidade para assistir o jogo, porém, na sua casa, tradicionalmente os filhos, netos e bisnetos se reúnem em torno da televisão para acompanhar as partidas.
“Nos jogos da Seleção Brasileira aqui vira o ponto de referência da família para assistir. Não combinamos nada, mas acho que será assim também no jogo da final da Alemanha”, explicou.
O pioneiro acredita que o jogo será difícil e preferiu não arriscar um placar, mas tem convicção de que a Alemanha ganha.
“Se não acabar no tempo normal, quero que termine na prorrogação. Não gosto de disputa nos pênaltis. Como sobraram alguns rojões comprados para comemorar as vitórias do Brasil, iremos soltar nos gols da Alemanha”, profetizou o torcedor.
(Texto publicado em 13/07/2014)