Motivo banal provocou assassinato de pedreiro

A Polícia Civil de Alto Paraná solucionou o homicídio do pedreiro Énerson de Almeida, 27 anos, assassinado na madrugada do último dia 10, próximo ao ginásio de esportes da cidade. Os acusados afirmaram que o crime foi resultado de um acidente de trânsito.
Duas mulheres que estavam no carro da vítima deram outra versão. Disseram que os suspeitos teriam atirado por causa de um gesto obsceno, feito pela vítima.
O delegado Renato Lacroix Leal informou que o caso estava praticamente solucionado, quando na última quarta-feira um jovem de 23 anos se apresentou voluntariamente. Ele estava com advogado e afirmou que dirigia seu carro quando bateu na traseira do veículo da vítima.
O motorista informou que o desentendimento foi na frente do clube onde acontecia um baile. Nesta versão, o homicídio não teria relação com o fato, mas com as consequências.
Ele detalha que teria descido com um amigo para verificar o estrago, quando Almeida (a vítima) teria se abaixado no interior do veículo. Com medo de que o motorista fosse pegar uma arma, disse que o amigo fez os disparos com uma pistola 380. A arma teria registro, mas o rapaz não possuía o porte.
A versão foi confirmada pelo autor dos disparos, um rapaz de 27 anos. Ele se apresentou ontem voluntariamente, igualmente acompanhado de advogado. No depoimento, o autor dos disparos conta que estava alcoolizado. O rapaz disse não lembrar se houve confusão antes do acidente de trânsito na frente do salão de baile.
CONTROVÉRSIA – No dia do homicídio, três mulheres estavam no carro junto com a vítima. Duas delas já prestaram depoimento e a versão é contrária a dos acusados.
Elas afirmaram que os acusados seguiram o carro dirigido pela vítima e o obstruíram na pista. De acordo com as mulheres, o passageiro desceu atirando.
O delegado informou que as testemunhas declararam que não entraram no salão de baile. O problema teria acontecido quando deixavam a frente do clube para irem embora. Os dois acusados teriam feito um comentário sobre o fato de o pedreiro estar com três mulheres e eles sem nenhuma.
De dentro do carro, o pedreiro teria feito o gesto obsceno. Os rapazes não gostaram e foram atrás da vítima, relata Leal com base na versão das mulheres. Uma terceira mulher que estava no carro ficou ferida e ainda não prestou depoimento.
INDICIADOS – O delegado de Alto Paraná disse que os dois rapazes serão indiciados por homicídio qualificado, ou seja, com agravantes (pena de 12 a 30 anos). Eles também terão que responder pela tentativa de homicídio (mesma pena, mas com diminuição de até 2/3 porque a vítima não morreu).
Leal explicou que somente quando concluir o inquérito decidirá se  pede ou não a prisão dos acusados. Eles têm residência fixa e trabalham na cidade. Para a definição, espera o laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Paranavaí. Ao ser questionado sobre as versões contraditórias, Leal não descartou uma reconstituição do crime.
O CRIME – O pedreiro Énerson de Almeida, 27 anos, foi assassinado a tiros na madrugada do dia 10 de novembro próximo ao ginásio de esportes de Alto Paraná.  A vítima morava em Paranavaí e tinha ido a um baile.
O pedreiro estava acompanhado de três moças (15, 16 e 22 anos). Todos estavam em um veículo VW Saveiro preta e foram trancados por outro veículo da mesma marca de cor clara. Foram recolhidos oito cartuchos de arma de fogo.
Uma das passageiras foi atingida e teve o projétil alojado no pescoço. A jovem aguarda cirurgia para retirar a bala.