Mudança nas administrações das cidades preocupa Regional no combate à dengue

As eleições deste ano foram um problema extra no combate à dengue por conta da perda de foco no controle da doença nas cidades. Agora, um novo cenário volta a preocupar: a mudança nas administrações municipais, que acontece no mês de janeiro com a posse dos prefeitos eleitos. A eventual transição das equipes de combate e controle pode significar a diferença entre a normalidade e um surto.
Walter Sordi Júnior, da Divisão de Vigilância Epidemiológica da 14ª Regional de Saúde de Paranavaí, explica que o temor é que haja interrupção dos trabalhos por conta de mudanças, justamente no momento de maior preocupação.
Neste período, há um trânsito intenso de pessoas entre as cidades por conta das festas de Natal e de Ano Novo, podendo levar ou trazer a doença. Por outro lado, é o período de chuva e de temperaturas elevadas, condições ideais para a proliferação do Mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Ele pede que as administrações fiquem atentas e façam uma transição pensando na manutenção do rígido controle. Ele entende que um dos fatores que anteciparam a ocorrência de casos na atual temporada foi a eleição para prefeito, quando o foco das equipes municipais se voltaram para o pleito.
Neste ano, ao contrário de outros períodos, não houve interrupção dos registros de casos no inverno. Várias cidades registraram casos suspeitos e confirmados, mesmo no frio. Paranavaí antecipou os registros, antes ocorridos nas vésperas do Natal.
No mês passado foram confirmados cinco casos, elevando para 13 o total do ano. Nesta semana foram verificados mais seis casos suspeitos, gerando a operação denominada bloqueio, que consiste em pulverização de veneno num raio de 300 metros da casa do paciente. O objetivo é matar o mosquito adulto, bloqueando uma eventual transmissão. Se for confirmado caso positivo, a operação é repetida semanalmente.  
A constatação de casos confirmados e novos suspeitos aumentou a preocupação da Vigilância em Saúde. Tanto que o diretor, Décio Monteiro, propôs a criação de alternativas na abordagem da população, contando, inclusive, com apoio das universidades. Também adverte que não haverá tolerância no caso da detecção de focos em residências. O proprietário será multado em R$ 200,00, valor que dobra na reincidência.
O índice de infestação do mosquito, constatado em outubro no último LIRA – Levantamento de Índice Rápido – é de 1,4%. O problema é que esse número pode subir rapidamente, destaca Sordi Júnior, abrindo as portas para um surto.
Também preocupa a situação verificada em São Carlos do Ivaí nas últimas semanas. São 21 casos confirmados e outros 17 aguardando resultado de exame. A cidade fez um trabalho intenso de eliminação dos focos do mosquito e espera-se a normalização a partir do combate mais efetivo ao Aedes aegypti.
Neste ano houve surtos importantes em algumas cidades da região. Diamante do Norte lidera as estatísticas com 88 casos confirmados. Marilena vem a seguir com 53 confirmações.