Na ONU, papa critica destruição ambiental

Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, anteontem, o papa Francisco fez crítica veemente à destruição do ambiente e defendeu a reforma do Conselho de Segurança do órgão.
Francisco dedicou boa parte de seu pronunciamento, que antecedeu a abertura da agenda de desenvolvimento sustentável da ONU, para pedir a proteção da natureza, "um valor cristão".
"O abuso e a destruição do ambiente são acompanhados da exclusão", afirmou, condenando a "cultura do descarte" e dizendo que os pobres são os que mais sofrem com a degradação ambiental.
"Os excluídos são descartados pela sociedade e, ao mesmo tempo, obrigados a viver as consequências do abuso do ambiente", afirmou, em espanhol.
Francisco elogiou as ações da ONU em seus 70 anos de história, mas pediu mudanças no órgão para que mais países tenham participação efetiva em suas decisões.
Nesse ponto, ele endossou o principal pleito do Brasil na ONU, a reforma do Conselho de Segurança, argumentando ser necessária a modernização de instrumentos para que se mantenham eficazes.
Mais igualdade
"A necessidade de maior igualdade vale especialmente para os órgãos com efetiva capacidade executiva, como é o caso do Conselho de Segurança, os organismos financeiros e os grupos ou mecanismos especialmente criados para enfrentar as crises econômicas", afirmou.
O papa lamentou a situação "dolorosa" causada por guerras no Oriente Médio e na África, onde cristãos e outros grupos religiosos são vítimas de "ódio e loucura" e testemunham a destruição de seus locais de culto e seu patrimônio cultural.
Ele ressaltou, porém, como ponto positivo e "prova das possibilidades da boa vontade política" o acordo nuclear assinado entre o Irã e seis potências mundiais.
Em seguida, Francisco se dirigiu ao Marco Zero, para uma homenagem às vítimas dos atentados do 11 de Setembro. Em sua primeira visita a Nova York, o papa esteve com familiares de pessoas mortas nos ataques.
Com as mãos entrelaçadas e de cabeça baixa, o pontífice permaneceu em silêncio por mais de um minuto diante do vão deixado pelos atentados terroristas.
No monumento às vítimas, que ocupa o espaço das Torres Gêmeas com uma queda d’água no vazio, Francisco pareceu orar pelos milhares de mortos, cercado por uma multidão de admiradores que gritava o seu nome.
"Aqui o luto é palpável", disse Francisco diante do monumento, onde participou de um culto multirreligioso em homenagem aos mortos.
A procissão papal prosseguiu para o bairro do Harlem, onde Francisco teve um outro emotivo encontro, com crianças e imigrantes latino-americanos, em uma escola católica.
Pelo caminho, milhares de pessoas esperaram por horas pelas ruas de Nova York para ter uma visão, mesmo que momentânea, do papa.
Uma delas foi a paranaense Ana Paes Cruvinel, que saiu às 6h da cidade onde mora, a mais de 100 km de Nova York, para acompanhar a visita papal. "Vim pela fé", disse. "Ele é muito especial, une todas as religiões".
Francisco cruzou em carro aberto o Central Park, arrancando gritos e palmas de milhares de admiradores, a caminho do ginásio Madison Square Guarden.
Ali, ele celebrou uma missa para cerca de 20 mil pessoas. "Deus está na cidade", afirmou o papa em sua homilia na missa.