NÃO GASTAR MAIS DO QUE GANHA

Um texto de Jesus que se encaixa tão bem na educação financeira é aquele que Ele manda sentar, refletir, fazer as contas antes de tomarmos a decisão de comprar algo ou construir: “De fato, se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: ‘Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’” (Lc 14,28-30).
Hoje as pessoas compram por impulso ou motivados pelo simples prazer de comprar, de acompanhar a moda, de satisfazer o que as propagandas criam de necessidades. Muita gente consome de modo inconsciente e inconsequente. As propagandas são fundamentais para o sistema capitalista, que visa o lucro, vender tudo o que produz. Mas temos que estar muito atentos, pois na propaganda existe uma falsa ideia de realização, de grandeza, de felicidade no ter ou no consumir. Toda propaganda se resume a uma mensagem simples: se comprar nosso produto, você será aceito, amado e se sentirá incluído; caso contrário, está condenado a ficar sozinho no seu mundo. Isso pode levar a uma crença de que nossa autoestima pode ser adquirida da mesma forma que compramos uma casa ou um carro. Hoje a felicidade é comprada via determinados produtos.
Isto está levando as pessoas a se definirem pelo que tem e não pelo que são – o ter acima do ser. “Compro, logo existo”. Santo Agostinho faz um alerta interessante: “Pouco importa quanto tens, o que importa é o que tu és!” Quantos sonhos são transformados em pesadelos por não seguir esta dica de Jesus. Como diz a frase num traseiro de um carro velho: “Antes de rir do meu carro, termine de pagar o seu”.
Na maioria das vezes não fazemos as três perguntas básicas antes de comprar: a) eu preciso mesmo desse produto? b) tenho dinheiro? c) tem que ser agora? Poderíamos acrescentar ainda outras perguntas, como: Qual a principal motivação da compra? O que me leva mesmo a consumir de modo irresponsável? O que estou preenchendo com o comprar sem necessidade?
Jesus pede para calcular antes de comprar ou construir, para não passar vergonha, tendo que interromper a construção, devolver o que comprou e ainda ter o nome “sujo”.
Jesus está ensinando uma das atitudes mais inteligentes para nunca ficar endividado: gastar menos do que se ganha e gastar sempre de acordo com o orçamento sustentável. Ele manda sentar e calcular os gastos, fazer o diagnóstico das suas despesas mensais. Depois de analisar suas condições financeiras, toma-se a decisão segura. Pegue uma caderneta pequena e leve dentro da bolsa, do bolso e ao gastar alguma coisa, mesmo centavos, anote na hora. De preferência, anote por área, por exemplo: guloseimas, mercado, padaria, transporte, comunicação… Para quem recebe um salário já determinado por mês, anote um mês e quem recebe variado, anote três meses. Não precisa ficar escravo de planilhas, anotando o tempo todo. Por isso a expressão “diagnóstico”. Coisa que fazemos uma vez por ano no cuidado com a saúde física. Fazendo isto você vai descobrir onde vai todo o dinheiro e saberá o que cortar dos desperdícios, controlar os supérfluos e estabelecer metas de gastos naquilo que é essencial.
O mundo de hoje está criando a cultura do endividamento por conta do imediatismo no comprar.
O crédito fácil é o meio que o capitalismo encontrou para que as pessoas consigam tudo aquilo que os olhos cobiçam. De um lado a propaganda convence que preciso comprar isto ou aquilo para minha realização pessoal e do outro o crédito fácil que me possibilita adquirir e mais a ausência de educação financeira, somados são os fatores básicos dessa realidade.
Conta a história que, certa vez, um sábio passeava pelo mercado quando um homem se aproximou e falou-lhe:
– Sei que é um grande mestre e queria o teu conselho. Hoje de manhã, meu filho me pediu dinheiro para comprar uma vaca. Devo ajudá-lo?
– Esta não é uma situação de emergência. Então, aguarde mais uma semana antes de atender seu filho.
– Mas tenho condições de ajudá-lo agora, que diferença fará esperar uma semana?
– Uma diferença muito grande – respondeu o mestre. – A minha experiência mostra que as pessoas só dão valor a algo quando têm a oportunidade de duvidar se irão ou não conseguir o que desejam.


Colaboração de Josué Ghizoni