“No limite para atingir epidemia de dengue”, diz assessor da Vigilância em Saúde

Assessor da Vigilância em Saúde de Paranavaí, Randal Fadel Filho afirmou: “Estamos no limite para atingir uma epidemia de dengue”. A declaração se baseou no alto índice de infestação por Aedes agypti, mosquito transmissor da doença, registrado em diferentes regiões da cidade.
Ao longo desta semana, agentes de endemias visitaram mais de 2.000 imóveis, na busca por focos do Aedes aegypti. Descobriram que, em média, a cada 100 residências, mais de três tinham criadouros do mosquito. O índice ficou em 3,2%.
O Ministério da Saúde classifica como tolerável o total de 1%. Acima disso, a situação se torna preocupante. Muito mais se forem considerados os índices específicos de cada setor visitado pelos agentes de endemias.
Na região que compreende os jardins Santos Dumont e Ipê e a Vila Operária, foram 6,1% de infestação. No setor que inclui os jardins São Jorge, Santa Maria, Matarazzo, Vista Alegre e Simone e os Três Conjuntos, o índice registrado foi de 2,6%.
Abaixo desses percentuais aparecem Ouro Verde, Ouro Branco e Silvio Vida, com 2,5%. Em seguida, Sumaré, Morumbi, Vila Paris, Parque Industrial e jardins das Nações e América, com 2,4%. O menor índice foi identificado no Centro e no Jardim Guanabara, 2,3%.
AGRAVANTES – Na avaliação de Fadel Filho, “a situação é complicada”. Segundo ele, “Paranavaí se encontra em estado de alerta total”. Alguns fatores tornam o cenário ainda mais grave, por exemplo, as altas temperaturas e as chuvas constantes, que dão condições para acelerar o ciclo reprodutivo do Aedes aegypti.
Com isso, a quantidade de insetos circulando por todas as regiões da cidade aumenta, facilitando a transmissão da dengue. “Além disso, temos circulação do vírus, o que pode complicar a situação”, afirmou Fadel Filho, destacando que a última confirmação da doença foi em 8 de dezembro de 2018.
Para além das fronteiras do município, outras complicações expõem os perigos que Paranavaí poderá enfrentar. Em Cornélio Procópio (a aproximadamente 250 quilômetros), uma morte por dengue foi registrada recentemente.
E as preocupações não param. O assessor da Vigilância em Saúde informou que durante esta semana, um caso de zika foi confirmado em Cianorte (distante 100 quilômetros de Paranavaí). O vírus também é transmitido pelo Aedes aegypti.
Fadel Filho destacou que muitas pessoas viajam de Paranavaí para essas duas regiões e de lá para cá. Isso eleva o risco de o vírus ser trazido para o Extremo-Noroeste, dando ainda mais condições para que haja uma epidemia de dengue.
CRIADOUROS – O Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (Lira) concluído nesta semana em Paranavaí mostrou onde estão os principais criadouros de larvas do mosquito transmissor da dengue.
O maior percentual, representando a metade dos focos, foi encontrado nos quintais das casas, em vasos de plantas, frascos com água, garrafas retornáveis, bebedouros de animais e sanitários e canos sem uso.
O descarte irregular de lixo em terrenos baldios garantiu o segundo maior índice de criadouros do Aedes aegypti em pneus, recipientes plásticos, garrafas pet, latas, sucata e restos de materiais de construção civil.
ESTRATÉGIAS – Na próxima semana, integrantes do Comitê Municipal de Combate à Dengue se reunirão para traçar estratégias. O objetivo é que as ações sejam desenvolvidas em caráter emergencial, considerando ao risco médio de epidemia.
Enquanto isso, equipes da Vigilância em Saúde seguem com o trabalho intensivo de orientação aos moradores das regiões com maiores índices de infestação por Aedes aegypti. Os trabalhos já tiveram início ontem no Jardim Santos Dumont.
À população cabe o papel de manter quintais limpos, sem deixar água acumulada em objetos e recipientes. Aqueles que não cumprirem com o dever de cidadãos poderão ser multados, a partir da próxima semana.