Novo ministro do STJ admite ajuda de políticos

BRASÍLIA (Folhapress) – O novo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Sérgio Kukina, admitiu ontem que teve de pedir indicação de políticos para chegar à corte e disse que apoios são "necessária intervenção".
"Isso é uma realidade, no sentido de que realmente não se pode ignorar a necessária intervenção do setor político nesse processo", afirmou Kukina em entrevista coletiva antes da posse no cargo.
Como a reportagem revelou, o ministro Luiz Fux, que deixou o STJ para assumir vaga no Supremo Tribunal Federal, pediu apoio para José Dirceu, que era réu no processo do mensalão –e que Fux depois julgou e condenou.
Antes de chegar ao STJ, Kukina era procurador no Paraná, mesmo Estado da ministra da Casa Civil Gleisi Hoffman, que o apoiou.
O ministro disse que, após passar meses em busca de apoio de políticos, chegou a conclusão que esse processo pode ser "saudável".
Para o novo ministro, cabe ao magistrado ser independente após pedir apoio.
"Não penso que tão só a intervenção do setor político possa obrigatoriamente contaminar a postura que venha a ter o ministro. Isso vai depender do profissional."
Segundo o ministro, os deputados condenados no STF pelo mensalão não perdem o mandato automaticamente, como determinou a corte. Para ele, deve caber ao Congresso a formalização da decisão.
Kukina, como ministro do STJ, porém, não terá de avaliar questões constitucionais.
O ministro assume gabinete com 11 mil processos acumulados e afirma que será feita uma triagem para separar os mais urgentes.
Ele pensa que dois anos seria um prazo "razoável" para um processo ter uma decisão definitiva e que dobrar o número de assessores ajudaria a acelerar os julgamentos.
Atualmente, cada ministro do STJ conta com oito deles.