O ano que começa depois do Carnaval

Dirceu Cardoso Gonçalves*

O Carnaval deste ano tem o sabor de festa de fim de ano. Não pelo simbolismo, mas pelo imenso número de pendências que o país arrastou no recesso dezembro/janeiro dos poderes Legislativo e Judiciário.
Enquanto parlamentares e magistrados viviam as férias de verão, os bastidores da política fervilhavam ao redor do impeachment presidencial, da possibilidade de afastamento do presidente da Câmara, do Senado e do processo a dezenas de parlamentares citados em casos de corrupção, além das reformas que poderão recolocar o pais nos trilhos.
O governo luta para se equilibrar e não desiste de aumentar impostos, o que constitui uma boa parte de sua impopularidade.
Na segunda e terça-feira próximas, dias 15 e 16, todos os parlamentares e magistrados estarão em seus postos e o ano de 2016 começará efetivamente, cumprindo a máxima popular de que o ano só começa depois do Carnaval.
Bom que o Carnaval desse ano acontece no começo de fevereiro, pois se fosse em março, como em alguns anos, perderíamos mais um mês à espera da solução de nossas pendências.
O cidadão comum, atropelado pela crise, inflação, desemprego e tantos outros males, já se mostra exausto. Abomina os políticos e principalmente as suas afirmativas que não se concretizam ou demoram muito. O Brasil de hoje espera de todos aqueles que têm em seus ombros a responsabilidade de decidir, o façam com a maior rapidez.
Só depois de decidir, por exemplo, quem governará nos próximos anos, é que se poderá buscar alguma solução para a crise. Quanto aos denunciados crimes, o que se espera é que todos sejam punidos na exata extensão dos males que cometeram. Nem mais, nem menos.
O país precisa sair da provisoriedade para que o governo – pouco importa quem seja o governante – tenha ânimo, força e representatividade para adotar as medidas saneadoras dos problemas e indutoras do desenvolvimento. O trabalhador precisa encontrar oportunidade de trabalho e renda e as forças produtivas carecem de um ambiente equilibrado para atuar.
Espera-se que nesse ano que simbolicamente se inicia agora, o Congresso Nacional, o Judiciário e o próprio Governo desempenhem estritamente suas obrigações legais, sem negligenciar nem extrapolar naquilo que a lei lhes faculta. Do contrário, teremos dias muito difíceis pela frente e até a democracia, de que muitos se orgulham mais não cuidam, estará sob risco…

*Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo