O Brasil e o risco de colapso social
*Dirceu Cardoso Gonçalves
A reflexão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM∕RJ), de que o país faz as reformas ou parte para o colapso com ruptura das relações sociais, desnuda a situação que os políticos, por diferentes interesses e ideologias, costumam esconder. Sua disposição de costurar os acordos para evitar o pior é importante. É obrigação, tanto de todos os ocupantes de postos eletivos, perseguir objetivos que recoloquem o país na trilha do equilíbrio e do desenvolvimento e tragam melhores condições de vida ao povo. O quadro de descrédito que hoje atropela a classe política, setores de funcionalismo e até as instituições precisa ser revertido. Os erros cometidos têm de ser apurados e seus responsáveis cobrados na justa medida, sem qualquer agravamento ou alívio, para que recuperem a credibilidade e continuem suas jornadas ou, então, deixem a vida pública, abrindo espaço a quem melhor puder realizar.
Observemos que, apesar da hecatombe ter ocorrido no mandato do Partido dos Trabalhadores, os maus hábitos que atrasam o Brasil são anteriores, podendo apenas ter sido potencializados pelos petistas. Já justificaram rupturas institucionais, algumas consumadas e outras tentadas. Mas, infelizmente, não fomos capazes de nos livrar das práticas que nos levam à bancarrota. O presidente Jair Bolsonaro foi eleito prometendo apenas o fim da promiscuidade entre Executivo-Legislativo onde, para contar com votos no Congresso Nacional, os presidentes da República lotearam seus ministérios para indicados de parlamentares. O mau hábito, arraigado na vida nacional, tenta resistir na tentativa de levar o atual presidente a ceder, quando o melhor seria os parlamentares aproveitarem o ensejo para exercer seus mandatos com total liberdade e no interesse da população, sem a agravante de serem “sócios” do governo.
Os congressistas de hoje têm a grande oportunidade de restaurar a imagem do Legislativo, promovendo reformas as reformas de base (previdência, tributária, administrativa, política, eleitoral e outras) que permitam a volta da estabilidade. Devem, imbuídos de suas responsabilidades de eleitos, ter coragem para equalizar arrecadação e despesas e eliminar privilégios que a irresponsabilidade de administradores e a esperteza de corporações ensejaram. Um presidente já prometeu caçar marajás e, ao final, acabou ele cassado. Os marajás continuam drenando os parcos recursos públicos. É preciso fixar parâmetros máximos de remuneração na administração pública e garantir que sejam respeitados. Não esquecer que o dinheiro da arrecadação de impostos destina-se à prestação de serviços à população, o funcionalismo é apenas uma parte disso, e não deve ser a maior. Sem romper com velhos e nefastos hábitos, dificilmente evitaremos o colapso…
*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)