O dinheiro da viúva

Rogério J. Lorenzetti*

A primeira vez que li esta expressão foi em um artigo escrito por um articulista da Folha de São Paulo, referindo-se ao uso de recursos públicos.
Ela me veio à mente quando li, ouvi e assisti às críticas desferidas ao nosso Pronto Atendimento Municipal nesta semana, originadas por uma "inspeção" feita por membros do Conselho Municipal de Saúde.
Nas minhas viagens busco observar prédios públicos de outros governos, constatando problemas comuns, desde a capital da República passando por cidades cujo orçamento per capita é muito superior ao nosso.
Não busco justificar eventuais falhas involuntárias pela comparação com outros governos, apenas chamo a atenção do leitor para problemas, alguns de origem cultural como o vandalismo, outros causados pela pouca disponibilidade de recursos ou pela burocracia prescrita pelas leis que regem o uso de recursos públicos no Brasil.
Mas no caso descrito, algumas considerações devem ser levadas à análise dos contribuintes. Uma delas é que uma nova UPA, cofinanciada pelo governo federal, está em fase de conclusão. Com instalações e equipamentos de última geração vai surpreender àqueles que necessitarem de atendimento.
A outra é que o prédio do nosso PA vai passar por reformas após uma decisão final sobre sua destinação, que está em análise pelos técnicos da saúde.
Na reportagem televisiva uma infiltração filmada de diversos ângulos e uma cortina avariada foram mostradas como defeitos graves de conservação, lembrando que o PA já foi reformado na minha primeira gestão.
Governar é estabelecer uma escala de prioridades. Na minha, a presença de médicos e demais profissionais de saúde está acima de cortinas ou aparência. Ao que me consta, nestes quase sete anos de administração, ninguém ficou sem atendimento nesta unidade por falta de profissionais, estrutura ou medicamentos. Pequenos cuidados com relação ao uso e conservação dos equipamentos, devem ser cobrados dos que frequentam ou manuseiam.
Destinar o pouco recurso que dispomos, principalmente na atenção à saúde, é tarefa difícil e sujeita a críticas, mesmo injustas ou feitas por pessoas mal informadas sobre orçamento, gestão e regras que cercam as decisões administrativas.

*Rogério J. Lorenzetti, prefeito reeleito de Paranavaí