O FOCO

Hoje vivemos numa sociedade em que cada vez mais as pessoas vivem dispersas, devido a variedade de coisas que são valorizadas. Não que, de fato, tudo deveria receber o valor que lhe é dado. Mas muita gente está perdendo a noção do que é importante focar, do que merece, de fato, a nossa atenção.
O nível de atenção determina o nível de competência com que realizamos determinada tarefa. Se ela é ruim, nos saímos mal. Se é poderosa, podemos nos sobressair.
Para se conseguir sucesso em tudo o que realizamos, seja nos negócios, nos relacionamentos, na vida profissional, familiar…, precisamos dominar esses três focos: interno, no outro e externo. O foco interno nos põe em sintonia com nossas intuições, nossos valores principais e nossas melhores decisões. O foco no outro facilita nossas ligações com as pessoas das nossas vidas. E o foco externo nos ajuda a navegar pelo mundo que nos rodeia.
Dos três focos, o mais ameaçado é o foco no outro. Cresce uma indiferença em relação aos seres humanos. Até os animais começam ser mais interessantes que os humanos. Das gerações a que mais demonstra distância do foco humano é a dos adolescentes. 
A tecnologia captura a nossa atenção e interrompe as nossas conexões. As crianças de hoje estão crescendo numa nova realidade, na qual estão conectados mais a máquinas e menos a pessoas de uma maneira que jamais aconteceu na história da humanidade. O adolescente médio americano recebe e envia mais de cem mensagens de texto por dia, cerca de dez a cada hora acordado. Isto é perturbador pelo fato de que o circuito social e emocional do cérebro de uma criança aprende através dos contatos e das conversas com todos que ela encontra durante o dia. Essas interações moldam o circuito cerebral. Menos horas passadas com gente – e mais horas olhando fixamente para uma tela digitalizada – são o prenúncio de déficits. Essas horas podem levar a déficits de habilidades emocionais, sociais e cognitivas essenciais.
Já estamos pagando um alto preço pela diminuição da atenção entre os adolescentes, jovens e adultos. Hoje as pessoas têm dificuldades de assistir um vídeo de cinco minutos, ler um artigo de uma página, menos ainda ler livros. Cresce a necessidade de ver as mensagens na internet, estar nos bate-papos do whatsApp, e-mails… Quantos que já dizem: “Acho que estou perdendo a minha capacidade de manter a concentração em qualquer coisa séria”. A poucos dias a justiça mandou retirar do ar o whatsApp por três dias, o que só durou um dia. Que desespero das pessoas! Quantos que baixaram outros programas para acessar as redes de fora, simplesmente porque eram incapazes de ficar sem a conexão. 
O nosso foco está continuamente lutando contra distrações, tanto internas quanto externas. A questão é: o que as nossas distrações estão nos custando? Perdemos muitas oportunidades, seja no campo dos negócios, mas principalmente no campo das relações! Há uma enorme diferença em você andar na rua de cabeça erguida, contemplando a paisagem, as pessoas, a vida em geral e você andar de cabeça baixa, focando seu celular. Veja a diferença de um encontro de pessoas com seus celulares nas mãos e um outro em que ninguém usa o celular. Tem exemplos bonitos, como de uma família que tomou a decisão de que quando estão em casa os celulares ficam numa gaveta. Nas empresas os prejuízos são enormes quando não se controla o uso das redes sócias. 
Num próximo artigo pretendo desenvolver sobre os benefícios de se manter o foco. Hoje fiz um alerta sobre os riscos que estamos correndo, principalmente no campo das relações sociais. 
“A internet veio aproximar os de longe e afastar os de perto”.

Colaboração de Josué Ghizoni